São Martinho anuncia R$ 250 milhões para sua primeira planta de biometano

A planta processará a vinhaça, um subproduto do etanol, para produzir biometano e ajudar a reduzir as emissões de CO2 equivalentes

A São Martinho, uma das maiores empresas sucroenergéticas do mundo, anuncia sua entrada no mercado de biometano, um combustível renovável capaz de substituir o gás natural fóssil. Com um investimento aproximado de R$ 250 milhões, a companhia está construindo sua primeira planta de biometano na unidade Santa Cruz, localizada em Américo Brasiliense, no interior de São Paulo. O projeto, com previsão de iniciar as operações no segundo semestre de 2025, marca um importante passo para a São Martinho e contribuirá para a descarbonização da mobilidade e logística, reduzindo as emissões de CO2 equivalente (CO2e).

O biometano será produzido a partir da biodigestão da vinhaça, um resíduo gerado durante a fabricação de etanol na unidade Santa Cruz. Com o processamento de 100% da vinhaça gerada na fábrica, a São Martinho prevê a produção de cerca de 15 milhões de metros cúbicos de biometano por safra. Esse volume permitirá substituir o consumo de gás natural fóssil, evitando a emissão de até 32 mil toneladas equivalentes de gases de efeito estufa. Essa quantia é comparável a 91 mil viagens de caminhão entre São Paulo e Rio de Janeiro anualmente, ou 250 viagens por dia.

A iniciativa faz parte do plano diretor da São Martinho, que visa explorar o potencial de geração de biometano a partir da vinhaça em todas as suas unidades. O primeiro passo foi dado na unidade Santa Cruz, onde o biometano será integrado ao sistema de distribuição via gasoduto. Esse modelo permitirá à empresa oferecer biometano pressurizado ou injetado na rede de distribuição de gás da região de Araraquara, no nordeste do estado de São Paulo.

Uma inovação notável no projeto da São Martinho é o modelo de negócios escolhido para explorar essa oportunidade. A empresa será proprietária de 100% da molécula de biometano gerada, o que oferece autonomia para utilizar o biometano da melhor maneira possível. Isso inclui o desenvolvimento de testes e pesquisas para substituir o uso de diesel em sua frota própria, principalmente em caminhões que requerem alta potência e torque durante a operação canavieira. A São Martinho já realiza esses testes desde 2016.


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O projeto de produção de biometano recebe financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Além disso, a companhia ressalta que a vinhaça biodigerida continuará a ser utilizada como adubo orgânico nos canaviais da unidade, promovendo a economia circular e contribuindo de maneira sustentável para o uso de fontes renováveis de energia.

*Imagem de capa: Depositphotos