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Tudo indica que o futuro da soldagem e da produção de veículos está prestes a mudar radicalmente. Conforme divulgado pela Universidade de Michigan, recentemente, uma equipe de pesquisadores da instituição descobriu que fazer estruturas de veículos a partir de uma combinação de metais e plásticos pode torná-los muito mais leves, mais fortes, mais seguros e mais ecológicos do que os modelos totalmente em aço ou alumínio que dominam hoje em dia.
Durante entrevista concedida ao canal de notícias da universidade, Dong detalha como sua equipe conseguiu o feito que foi considerado impossível por décadas. Ele também discute um processo de alumínio-aço que pode permitir a impressão 3D de alumínio em aço.
Confira mais detalhes do projeto no vídeo abaixo, em inglês, e na sequência parte da entrevista de Gabe Cherry, da Faculdade de Engenharia da Universidade de Michigan, com o pesquisador Pingsha Dong:
Gabe Cherry: Como a capacidade de soldar materiais muito diferentes pode melhorar os carros?
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Pingsha Dong: Modelos de computador nos mostram que podemos tornar as estruturas de carros e caminhões até 40% mais leves, construindo-as com uma combinação de metais e plásticos. Peso mais leve traz uma variedade de vantagens, principalmente melhor eficiência. Os veículos movidos a gasolina podem ter uma melhor economia de combustível, enquanto os veículos elétricos podem obter mais alcance. Veículos com estruturas multimateriais também têm melhor dirigibilidade e maior segurança.
O problema é que, tradicionalmente, a única maneira de unir metal e plástico é com adesivos ou fixadores mecânicos, que são muito lentos e caros para qualquer coisa que não seja veículos especiais de baixo volume. Os processos que estamos desenvolvendo podem mudar isso e trazer estruturas e componentes de veículos multimateriais do reino do exótico para o mainstream.
Nossas novas técnicas de soldagem também podem melhorar as caixas e compartimentos de baterias de veículos elétricos. Hoje, são estruturas multicamadas que geralmente são mantidas juntas com adesivos e fixadores mecânicos. Eles são muito difíceis de desmontar para reparo ou reciclagem. Baterias soldadas podem ser desmontadas e remontadas com muito mais facilidade, e também podem ser mais leves, mais baratas de fabricar e mais fáceis de manter refrigeradas.
GC: Vamos falar sobre metal e plástico. Por que é tão difícil soldá-los juntos? Como funciona o seu processo?
PD: A soldagem é sobre a criação de ligações entre dois materiais no nível molecular. A sabedoria convencional por décadas tem sido que plástico e metal são fundamentalmente incompatíveis, e não há razão para tentar soldá-los juntos. No entanto, descobrimos que a combinação certa de calor e pressão nas áreas certas pode fazer com que o carbono e o oxigênio do plástico se liguem ao metal.
Usamos uma máquina comum que se parece com uma furadeira com cabeçote giratório cilíndrico. O metal é colocado em cima do plástico e a cabeça é abaixada sobre os dois materiais. Isso cria calor e pressão, unindo os dois materiais em uma solda ponto ou em uma solda linear.
GC: Que materiais podem ser ligados com este processo? E quando os fabricantes podem usá-lo?
PD: Qualquer metal pode ser ligado diretamente com qualquer plástico que contenha uma quantidade adequada de compostos de oxigênio-carbono. A chave é calcular o “ponto ideal” de calor e pressão que irá soldar uma determinada combinação de materiais, e podemos trabalhar com os fabricantes para determinar isso. Para plásticos que não possuem compostos oxigênio-carbono suficientes, como o polipropileno, podemos colocar um filme plástico barato entre os dois materiais para “semear” a ligação com oxigênio e carbono.
Patenteamos o processo e já estamos trabalhando com fabricantes de equipamentos para desenvolver equipamentos comerciais que possam ser licenciados para montadoras e outros fabricantes. Eu diria que veremos essa tecnologia na indústria nos próximos dois anos.
GC: E a sua pesquisa sobre aço e alumínio?
PD: A capacidade de combinar aço e alumínio pode permitir não apenas a soldagem, mas também novas maneiras baratas de imprimir ligas de alumínio em 3D em aço. Tentativas anteriores levaram à formação de compostos quebradiços na interface entre os dois metais, reduzindo a resistência da liga.
Nosso processo usa uma combinação precisa de calor e pressão para evitar a formação desses compostos e pode oferecer novas maneiras de combinar o peso leve do alumínio com a alta resistência do aço.
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