Impressão 3D: Engenheiros criam concreto que absorve CO₂ e usa menos material

Nova formulação com impressão 3D e terra diatomácea usa menos material, mantém resistência e captura mais CO₂ que o concreto tradicional

Engenheiros da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, estão revolucionando um dos materiais mais utilizados – e também mais poluentes – da construção civil: o concreto. Ao combinar impressão 3D, geometrias inspiradas na natureza e um material chamado terra diatomácea, a equipe desenvolveu uma nova formulação capaz de usar 68% menos material, manter 90% da resistência estrutural e ainda absorver até 142% mais dióxido de carbono do que o concreto tradicional.

A inovação surge como resposta direta à urgência climática. Responsável por quase 9% das emissões globais de gases de efeito estufa, o concreto é um dos maiores vilões da pegada de carbono na construção civil, principalmente por conta do cimento – seu principal componente.

A chave para esse avanço está no uso da terra diatomácea (TD), um pó derivado de algas fossilizadas com alta capacidade de absorção de CO₂. Além disso, os pesquisadores se inspiraram em estruturas naturais como corais e estrelas-do-mar para desenhar uma geometria interna altamente eficiente, que maximiza a resistência e a área de superfície ao mesmo tempo.

Mesmo com alta porosidade, o novo concreto se mostrou mais resistente à medida que curava e absorvia CO₂, graças à interação entre a geometria complexa e a cura natural. Essa abordagem resultou em 32% mais absorção de carbono por unidade de cimento.

Os pesquisadores agora trabalham na escala arquitetônica, testando o novo concreto em fachadas, painéis e estruturas para ambientes marinhos, como recifes artificiais. A compatibilidade com a vida aquática e a redução do impacto ambiental tornam essa tecnologia promissora não apenas para obras mais sustentáveis, mas também para a restauração de ecossistemas.

Para os cientistas envolvidos, esse é apenas o começo. “Ao deixarmos de tratar o concreto como algo estático e passarmos a enxergá-lo como um material dinâmico, surgem novas possibilidades”, afirmou Shu Yang , coautor sênior do estudo.