Desempenho do setor de fundição mantém tendência ascendente em janeiro

Esta matéria traz o balanço da indústria brasileira de fundição (produção, demanda interna e exportações) em janeiro de 2019.

A recuperação do setor de fundição se configura mês a mês. Mesmo em janeiro, um mês tradicionalmente “fraco”, os números foram positivos.

A produção de fundidos somou 174,42 mil toneladas nos primeiros 31 dias do ano, o que representa uma alta de 1,6% em relação a janeiro de 2018 e a 14,6% sobre janeiro de 2017.

Do total fundido, 138,50 mil toneladas foram de ferro (0,9% mais do que em 2018), 20,25 mil toneladas de aço (+15%) e 15,66 mil toneladas de não ferrosos (-6,5%), dos quais 1,70 mil toneladas de cobre (-1,7%), 98 t de zinco (+5,4%), 13,44 mil toneladas de alumínio (-7,3%) e 420 t de magnésio (o mesmo volume de 2017).

Para se ter ideia do desempenho positivo do setor em relação a 2017, veja os números detalhados na tabela 1.

Tabela 1 – Comparativo da produção de fundidos nos três últimos meses de janeiro.

 

2019

2018

2017

2019/2018

2019/2017

Ferro

138.500

137.283

124.254

0,9%

11,5%

Aço

20.254

17.613

14.936

15,0%

35,6%

Não ferrosos

15.669

16.759

13.058

-6,5%

20,0%

Alumínio*

13.448

14.514

10.769

-7,3%

24,9%

Total

174.423

171.655

152.248

1,6%

14,6%

*Alumínio está contido em “não ferrosos”.


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A maior parte do volume fundido em janeiro foi absorvida no mercado interno: 147,31 mil toneladas. Isso equivale a uma alta de 3,6% em relação à demanda nacional no mesmo período de 2018.

As exportações, por outro lado, caíram tanto em tonelagem (27,10 mil toneladas | -7,9%) quanto em preço (US$ 58,8 milhões | -8,8%), seguindo a mesma tendência observada no mercado automotivo.

De acordo com a ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, as exportações de autoveículos e máquinas agrícolas e rodoviárias sofreram uma queda (em valores) de 29,1% no comparativo Jan 2019/Jan 2018. O principal motivo foi a redução de embarques para a Argentina.

Tabela 2 – Exportações de fundidos em janeiro de 2019, em peso e valores.

Metal

Jan 2019 (t)

Jan 2018 (t)

2019/2018 (%)

Jan 2019 (mil US$ - FOB)

Jan 2018 (mil US$ - FOB)

2019/2018 (%)

Ferro

24.268

27.040

-10,3

52.113,0

58.680,7

-11,2

Aço

2.520

2.077

21,3

5.882,8

4.962,3

18,5

Não ferrosos

318

311

2,3

842,9

864,9

-2,5

TOTAL

27.106

29.428

-7,9

58.838,7

64.508,0

-8,8

Uma questão que vale destacar é que a retomada da indústria de fundição tem sido marcada pelo aumento da demanda à frente da produção. Ou seja, em termos percentuais, o crescimento da demanda tem sido maior que o da produção de fundidos desde 2018.

No ano passado, por exemplo, o setor produziu 2,28 milhões de toneladas, 6,3% mais do que no ano anterior. O mercado interno, por sua vez, consumiu 1,90 milhão de toneladas, o que equivale a um aumento de 7,7% em relação a 2017. E essa mesma tendência se mantém em 2019, revelando que as importações seguem “assombrando” o fundidor.

Voltando a falar em janeiro, outra boa notícia é que os empregos na indústria de fundição continuam aumentando. Neste primeiro mês de 2019, o setor empregou 55.422 pessoas, 5,6% mais do que nos mesmos 31 dias de 2018.

Previsões

A ABIFA prevê que o setor de fundição deverá ter um incremento de produção/tonelagem fundida de 7% em 2019 (2,44 milhões de toneladas). Este prognóstico foi feito com base nas previsões de seus principais clientes, a exemplo dos seguintes:

  • ABIMAQ - As vendas de máquinas e implementos agrícolas devem aumentar 10% em 2019.
  • ANFAVEA - O licenciamento de autoveículos terá um incremento de 11,4% sobre 2018, totalizando 2,86 milhões de unidades. Com isso, a produção deve chegar em 3,14 milhões de unidades, o que significa um aumento de 9% em comparação ao exercício anterior.
  • SINDIPEÇAS – Os investimentos totais do setor devem somar R$ 2,72 bilhões, (10,1% mais do que em 2018).

Além disso, as expectativas seguem as melhores possíveis, com o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) em 64,5 pontos – a média histórica é de 54,4 pontos, segundo a CNI. A intenção de investir também aumenta a cada mês e já chega a 56,6 pontos – o maior desde abril de 2014.

A estimativa da ABIFA é que os números do setor evoluam ano a ano, a uma taxa de crescimento de aproximadamente 7%, com a produção chegando a 3,20 milhões de toneladas em 2023.

A capacidade instalada do setor, de 4 milhões de toneladas anuais, deverá se manter, o que não significa que não haverá investimentos. Afinal, a indústria de fundição se torna mais produtiva, o que passa necessariamente pelo investimento em máquinas e equipamentos que acompanhem essa evolução.


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