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A FAPESP e a Equinor (antiga Statoil), empresa norueguesa do setor de energia, com atuação no Brasil nas áreas de óleo e gás e energia solar, lançaram nesta terça-feira (19/02), em um evento na FAPESP, o Centro de Pesquisa em Engenharia em Gerenciamento de Reservatórios e de Produção de Petróleo e Gás (ERC-RPM, na sigla em inglês).
O novo centro será sediado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e terá o objetivo de buscar soluções inovadoras para otimizar a produção e a eficiência de poços de petróleo, recuperar reservatórios e melhorar o gerenciamento da água extraída junto com o petróleo nas atividades de perfuração e extração.
Para constituí-lo, a FAPESP e a Equinor lançaram em setembro de 2016 uma chamada de propostas no âmbito do programa Centros de Pesquisa em Engenharia (CPE). O projeto selecionado foi de autoria de pesquisadores vinculados à Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp.
“O acordo da FAPESP com a Equinor para a criação desse novo centro de pesquisa contempla um dos objetivos da Fundação, que é o de promover o empreendedorismo tecnológico e áreas de pesquisa relacionadas à inovação, facilitando a relação entre universidades e empresas”, disse Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, durante o evento.
O centro terá três linhas de pesquisa: otimização de produção, recuperação avançada de óleo e gerenciamento de água (water handling). Os projetos serão realizados por pesquisadores e estudantes de pós-graduação da Unicamp em colaboração com colegas da Equinor e de outras universidades e instituições de pesquisa do Brasil e do exterior, de áreas como Matemática, Ciência da Computação, Engenharia Mecânica e Geologia, entre outras.
“A Equinor tem uma relação de longo prazo com as principais universidades da Noruega e outros países, como o Brasil, com quem estabelecemos algumas parcerias nos últimos 10 anos a fim de encontrar as melhores soluções para os desafios energéticos e industriais”, disse Margareth Øvrum, presidente da empresa no Brasil.
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“Estou confiante de que esses 10 anos de trabalho integrado, em estreita colaboração com universidades, deixarão marcas positivas em termos de novos desenvolvimentos e soluções inovadoras para a indústria de petróleo”, disse Øvrum.
O acordo terá duração de 10 anos, sendo que a FAPESP e a Equinor liberarão, meio a meio, recursos da ordem de R$ 25 milhões nos primeiros cinco anos e o mesmo valor no quinquênio seguinte. Outra parcela virá da Unicamp como contrapartida econômica, na forma de salários de pesquisadores e de pessoal de apoio, infraestrutura e instalações.
“A Unicamp está comprometida em promover a cooperação em pesquisa com o setor industrial em muitos segmentos estratégicos, e tem criado os meios institucionais para transformar a pesquisa feita na universidade em tecnologia e consolidar a inovação”, disse Marcelo Knobel, reitor da Unicamp.
“A criação desse novo centro é um passo fundamental para consolidar a cooperação de alto nível entre a indústria e as universidades no Estado de São Paulo”, avaliou.
Programa bem-sucedido
O ERC-RPM vai operar nos mesmos moldes de outros sete Centros de Pesquisa em Engenharia em operação apoiados pela FAPESP e pelas empresas GlaxoSmithKline, Peugeot-Citroën, Shell, Natura e Embrapa.
Um dos objetivos desse programa de apoio à pesquisa da FAPESP, lançado em 2014, é fomentar e facilitar a interação em pesquisa entre universidades e indústrias situadas não só em São Paulo, mas também em outras regiões do país e do mundo.
“O programa Centros de Pesquisa em Engenharia da FAPESP tem atraído muito interesse das empresas e universidades. É um dos maiores programas de fomento à colaboração em pesquisa entre universidades e indústrias no país hoje”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
Presente no Brasil desde 2001, com foco na exploração de petróleo e gás natural offshore, um dos objetivos da Equinor com o novo centro é desenvolver tecnologias para extrair óleo pesado de campos como o de Peregrino, da bacia de Campos, no Rio Janeiro, onde iniciou sua operação em 2011.
Um dos desafios para a exploração desse campo de óleo pesado, que representa a maior operação internacional offshore da empresa, é estabelecer como serão perfurados os poços para injetar fluidos, como água e CO2, de modo a manter um nível de pressão suficiente no reservatório para extrair o petróleo.
Outro desafio é desenvolver sistemas de produção, compostos por máquinas e bombas, instaladas nos poços e no fundo do mar, para injetar fluidos e manter a pressão necessária para transportar o petróleo para a superfície.
“O óleo pesado desse campo precisa dessa energia adicional para passar por válvulas e tubulações e chegar à superfície, onde será separado e tratado”, explicou Antonio Carlos Bannwart, professor da Unicamp e diretor do centro, à Agência FAPESP.
Outro interesse da empresa com o novo centro é desenvolver tecnologias para exploração do pré-sal do campo de Carcará, na bacia de Santos, descoberto em 2012 e que a Equinor adquiriu a licença para exploração em 2016.
A empresa pretende iniciar a produção de óleo desse campo entre 2023 e 2024. “Estamos nos movendo para áreas em que não temos muita experiência. Essa é umas das razões dessa parceria para a criação desse novo centro. Precisamos de novas tecnologias para resolver alguns desafios tecnológicos”, disse Ruben Schulkes, gerente de pesquisa e tecnologia da Equinor.
Ao contrário de reservatórios de óleo pesado, como o de Peregrino, os do pré-sal não necessitam de bombas para chegar à superfície, uma vez que já têm alta pressão e o óleo não é tão viscoso.
O desafio tecnológico, nesse caso, é controlar a pressão para extração do óleo e estabelecer estratégias de aproveitamento da enorme quantidade de gás que vem junto com ele, explicou Bannwart.
“É preciso que se defina como o país irá explorar e aproveitar a enorme quantidade de gás que há no pré-sal, que é suficiente para abastecer o Estado de São Paulo”, disse o pesquisador.
Também participaram da cerimônia de lançamento do novo centro de pesquisa Eduardo Moacyr Krieger e Fernando Menezes de Almeida, respectivamente, vice-presidente e diretor administrativo da FAPESP, e Patricia Ellen da Silva, secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo.
“Esse projeto do novo centro de pesquisa representa muito a nova filosofia que gostaríamos de implementar em São Paulo, que é a de fomentar o desenvolvimento econômico, a produtividade e a competitividade do estado, por meio de investimentos em ciência, tecnologia e inovação”, disse Silva.
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