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Marco Silva, presidente da Nissan Brasil, revelou que conseguiu antecipar parte dos recursos do novo plano de investimento no País, que deve ser anunciado em sua totalidade até o fim deste ano para o período 2018-2023. Segundo o executivo, US$ 40 milhões já estão assegurados para ampliar a capacidade da fábrica de Resende (RJ) para 200 mil veículos/ano. Outro valor, que ele não confirma, também está garantido para custear a renovação dos modelos nacionais da marca, Kicks, March e Versa, em projeto ainda em estudo.
“Precisamos adiantar uma parte dos investimentos para deixar a fábrica preparada para sustentar o nosso crescimento”, disse Silva.
Segundo o executivo, a produção da fábrica brasileira deverá crescer 25% este ano, para perto de 110 mil unidades, para abastecer o mercado interno e exportações – March e Versa já são enviados para oito países, enquanto o Kicks, por enquanto, só é produzido para Brasil e Argentina, em breve deve seguir também para o Paraguai.
A planta de Resende trabalha atualmente em dois turnos com 2,4 mil empregados, com capacidade de fazer 160 mil veículos/ano. Para chegar aos 200 mil, conforme explica Silva, seria necessário adotar o terceiro turno ou investir em algumas áreas para aumentar a produtividade sem a necessidade do turno extra. “Há quatro meses estávamos quase certos sobre o terceiro turno, mas é uma decisão difícil, temos de ter certeza da demanda. Prevíamos que o mercado brasileiro poderia crescer até 17%, mas isso mudou, a greve dos caminhoneiros diminuiu o fluxo nas lojas e reduzimos para 12% depois da reversão das expectativas. Continuamos a prever crescimento, mas não tão rápido quanto esperávamos. Então resolvemos esperar e investir para preparar a fábrica”, diz.
Silva lembra ainda que o mercado argentino, principal destino das exportações da Nissan Brasil, também está em queda. A previsão de vendas totais de 1 milhão de veículos no país vizinho já foi reduzida para menos de 850 mil, devido à crise cambial que conduz a economia à recessão.
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Balanço comercial com a Argentina
Silva estava na Argentina para a cerimônia de inauguração da linha de produção da picape Frontier, na segunda-feira, 30 (leia mais aqui). O mercado brasileiro será o maior comprador do veículo, consumindo cerca de 60% da produção argentina. Foi a solução encontrada pela Nissan para balancear seu comércio bilateral entre os dois países do Mercosul, dentro do regime chamado flex, em que o Brasil pode exportar até US$ 1,50 para cada US$ 1,00 que importa da Argentina.
“Até agora conseguíamos exportar para a Argentina sem importar um único dólar do país, por isso precisávamos equilibrar essa balanço comercial”, afirma Silva. “Importar a Frontier será mais que suficiente para cumprir essa obrigação do regime flex, com direito até a abater o que já exportamos de March, Versa e Kicks para o mercado argentino”, garante o executivo.
A vinda para o Brasil da Frontier argentina também deverá ampliar a fatia de mercado da Nissan no Brasil, pois segundo Silva o número de versões da picape vai aumentar tanto para cima (preço mais barato que o atual) quanto para cima. Atualmente a Frontier vem do México com limitações de volume e opções, apenas 3,4 mil unidades foram vendidas de janeiro a junho deste ano. Quando começar a ser importada da Argentina, o que deve ocorrer até o fim do ano, a expectativa é de mais que dobrar as vendas.
Juntas, as fábricas brasileira e argentina da Nissan deverão suprir entre 85% e 90% das vendas da marca japonesa no Brasil. O restante deverá ser importado principalmente do México, de onde hoje vem o sedã médio Sentra. Mas existem outros modelos na mira, especialmente um SUV acima do Kicks, e nesse segmento “a Nissan tem muitos produtos consagrados”, despista Silva. “Estamos estudando as possibilidades. O que não vamos fazer é começar a importar e depois parar. Existem muitas opções, mas é preciso ser cuidadoso com essas decisões”, pondera.
Mais adiante, em estratégia ainda dependente de estudos, Silva não descarta a hipótese de desenvolver versões locais de modelos como March e Versa, desenhados especialmente para mercados emergentes – eufemismo para descrever carros mais baratos, com amputações tecnológicas e de conforto, para atender consumidores de países subdesenvolvidos como o Brasil. É o que já faz no País a sócia de aliança Renault, que desenvolveu carros de baixo custo para os mercados latino-americanos. Uma alternativa, segundo admite Silva, seria compartilhar plataformas com a Renault. (Seria possível esperar um March construído sobre a plataforma do Sandero?)
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