Economia Circular: uma alternativa à obsoleta economia linear

Os recursos naturais são finitos e o impacto do descarte incorrerto no meio ambiente são notórios, como a atual discussão sobre plástico marinho, as mudanças climáticas, contaminações entre outros. Assim temos enormes desafios de desenvolver formas inovadoras e eficientes de gestão dos recursos secundários e para isso é necessário uma revolução dos recursos que até então temos ao nosso dispor através do reaproveitamento e da reciclagem. A nossa sociedade conhecida por “fazer, usar e jogar fora” já atingiu os seus limites e é tempo de repensar a forma como obtemos, usamos, reutilizamos e otimizamos os recursos globais que estão agora causando danos e correndo o risco de acabarem um dia.

Desta forma, é essencial percebermos a importancia dessa revolução para garantir a prosperidade do nosso futuro enquanto sociedade. Para isso é necessário promovermos a transição da nossa economia linear insustentável que vivemos no presente para uma economia circular em que somos capazes de recuperar e devolver a cadeia os materiais recicláveis e a energia dos nossos produtos considerados como “lixo”.

No entanto, não estamos a falar de uma tarefa que possa ser feita de um dia para o outro, até porque falamos de um conceito que está pouco enraizado nos nossos costumes. Mas, afinal, o que é a Economia Circular?

Uma economia circular é, regenerativa e restaurativa por princípio. Seu objetivo é manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo. O conceito distingue os ciclos técnicos dos biológicos. Conforme concebida por seus criadores, a economia circular consiste em um ciclo de desenvolvimento positivo contínuo que preserva e aprimora o capital natural, otimiza a produção de recursos e minimiza riscos sistêmicos administrando estoques finitos e fluxos renováveis. Ela funciona de forma eficaz em qualquer escala.

A economia circular oferece diversos mecanismos de criação de valor dissociados do consumo de recursos finitos. Em uma economia circular verdadeira, o consumo só ocorre em ciclos biológicos efetivos. Fora isso, o uso substitui o consumo. Os recursos se regeneram no ciclo biológico ou são recuperados e restaurados no ciclo técnico. No ciclo biológico, os processos naturais da vida regeneram materiais, através da intervenção humana ou sem ela. No ciclo técnico, desde que haja energia suficiente, a intervenção humana recupera materiais e recria a ordem em um tempo determinado. 

A economia circular fundamenta-se em três princípios, cada um deles voltado para diversos desafios relacionados a recursos e sistêmicos que a economia industrial enfrenta: No primeiro princípio, o objetivo passa por preservar e aumentar o capital natural, controlando estoques finitos e equilibrando os fluxos de recursos renováveis. Num segundo princípio passa por otimizar a produção de recursos, fazendo circular produtos, componentes e materiais no mais alto nível de utilidade o tempo todo, tanto no ciclo técnico quanto no biológico. Por fim, o objetivo passa por fomentar a eficácia do sistema, revelando as externalidades negativas e excluindo-as dos projetos.


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A Economia Circular e a realidade do mercado brasileiro 

A Economia Circular ainda é um tema pouco explorado no Brasil, mas tem ganhado relevancia com o grande trabalho de instituições como Exchange4Change Brasil, fundado por Beatriz Luz que no passado mês de maio juntou-se a vários especialistas para debater as oportunidades que o país pode alcançar nos próximos anos relativamente a esta conceito. Beatriz Luz, salientou que o Brasil tem muito potencial para se inserir nessa nova proposta, principalmente no quesito de matérias-primas. 

“A gente tem um país enorme, rico e vasto. E temos que ter um olhar não de desperdício, porque quando temos muita terra e disponibilidade de matéria prima a gente acaba desperdiçando muito. Temos que olhar com uma visão de inovação. A economia circular provoca esse olhar criativo e o brasileiro é muito criativo”, explicou durante o evento em que participou em São Paulo.

Dentro do fechamento do ciclo produtivo, uma das chaves da economia circular é repensar o design dos produtos, ou seja, trabalhar na composição ou formato que possibilite com que aquele material retorne para a cadeia produtiva. Luz citou um estudo da Ellen McArthur Foundation que mostra a cadeia das embalagens plásticas, largamente utilizadas pelas indústrias. O relatório divulgado mostra que 50% das embalagens que existem no mercado podem ser recicladas, mas precisam ainda de muita infraestrutura, enquanto 20% poderiam ser substituídas por materiais mais duráveis e reutilizáveis. E ainda existem aquelas que não conseguem ser recicladas – pelo menos não com as tecnologias existem, representando 30%. Ou seja, temos que redesenhar e esse tipo de embalagem.

Do outro lado Atlântico, a Europa é um dos casos que procurou dar o primeiro passo no que diz respeito ao fomento da economia circular. O velho Continente aprovou o PEC (Pacote de Economia Circular), que a TOMRA Sorting Recycling apoia totalmente. Com este pacote, que altera a legislação em vigor, vai ser possível promover uma economia circular que vai criar condições de concorrência equitativas entre os estados-membros, estimular a inovação nos produtos de design e incentivar sistemas de distribuição reversos, iniciativas que vão permitir aumentar a qualidade e quantidade da reciclagem, um dos pilares da economia circular.

Mas não ficamos por aqui. De acordo com o relatório intitulado “Towards the Circular Economy”, existem 380 biliões de dólares em negócios não explorados apenas na Europa. Outro elaborado pela Fundação Ellen McArthur e McKinsey & Company, aponta casos e análises financeiras das oportunidades no sistema batizado de “Economia Circular”: um modelo capaz de desacoplar o crescimento econômico da geração de resíduos. Este estudo destaca quatro fontes de criação de valor para modelos de negócios onde as iniciativas de "fechar o ciclo" dos produtos podem ser muito rentáveis: manutenção, redistribuição, remanufactura e reciclagem.

Estima-se, que as economias emergentes na Ásia, América Latina, África e Oriente Médio removerão três bilhões de pessoas da pobreza nas próximas décadas, o que permite criar uma demanda cada vez mais crescente de bens de consumo por parte das novas classes médias.

O olhar da TOMRA Sorting Recycling sobre a economia circular

A ambição de TOMRA é estar entre os líderes desta revolução de recursos, que visa substituir o nosso sistema atual, com base no consumo em vez de recuperação dos recursos não-renováveis, através da criação de soluções baseadas em sensores equipados para entregar uma produtividade ótima dos recursos. Ao fornecer soluções inteligentes que otimizem os recursos disponíveis – pesquisar, usar, recuperar, reciclar e revitalizar – permite à TOMRA fazer uma contribuição chave para mudar a perspetiva padrão da sociedade sobre o conceito de recursos sustentáveis.

As soluções baseadas em tecnologias de ponta e novos aplicações permitem uma recuperação dos resíduos com excelência, o que aumenta a qualidade e a quantidade dos resíduos recuperados. No mercado brasileiro, a economia circular pode ser um dos pilares do futuro. De acordo com Carina Arita, Diretora Comercial da TOMRA Sorting Recycling Brasil, “a Economia Circular pode ter um papel preponderante tendo em conta o número elevado de resíduos que consumimos diariamente”. A TOMRA tem procurado trabalhar junto com as plantas de triagem para estimular a reciclagem e aumentar assim o nível de pureza dos materiais e com uma maior consciencialização vamos conseguir ter um futuro melhor”, explicou a responsável da TOMRA.