ArcelorMittal usa veículos destruídos para produzir aço

Insumo básico, sucata representa de 50% a 60% do custo de produção

A ArcelorMittal Brasil está usando sucata metálica, basicamente veículos destruídos, no processo de produção das aciarias elétricas no segmento de aços longos, incluindo na planta Juiz de Fora ( Zona da Mata) e, eventualmente, nas usinas integradas, inclusive no complexo siderúrgico de João Monlevade (região Central), destinado à produção de aços planos.

“Os fornos elétricos foram concebidos para usar como matéria-prima a sucata. Essa tecnologia tem um impacto ambiental positivo, porque retira e recicla os resíduos metálicos gerados pela sociedade e pela indústria nos processos de produção. A sucata representa de 50% a 60% do custo de produção do aço”, destacou o gerente-geral de Metálicos da companhia, Ricardo Matteucci.

O gerente da ArcelorMittal explicou que a sucata é considerada um insumo básico para a produção de aço e que o mercado nacional de compra e venda de sucatas vem crescendo nos últimos anos. De acordo com Matteucci, a empresa classifica a sucata conforme a obsolescência, que são, por exemplo, geladeiras e outros eletrodomésticos obsoletos e industriais, como resíduos ou sobras de processos industriais.

“Os automóveis entram na esfera da obsolescência. Existem os carros sinistrados que ainda ‘rodam’, mas há também os que são separados para ser destruídos. É este último tipo que focamos. É um mercado relativamente novo no Brasil e existem estimativas que indicam que há cerca de 1 milhão de automóveis para reciclagem no Brasil”, explicou Matteucci.

No caso específico da reciclagem de veículos, a empresa adquire veículos sucateados através de leilões e dá a destinação correta a todos os componentes (óleo residual, baterias, extintores e pneus, entre outros). Só no ano passado, a companhia reciclou cerca de 19 mil toneladas em sucatas de veículos.


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Matteucci reforçou que o aço é o material mais reutilizado do mundo, sem perder características importantes, como a qualidade e durabilidade, durante a reciclagem. Para ele, isso significa uma importante redução no uso de matérias-primas, menor impacto ambiental e garantia de produtos confiáveis.

A sucata metálica é atualmente destinada aos processos de produção das aciarias elétricas (unidades de Cariacica, Juiz de Fora e Piracicaba), no segmento de aços longos e, eventualmente, utilizada nas usinas integradas, em João Monlevade e Tubarão (ES) e em Resende (RJ) e Barra Mansa (RJ), nos aços planos.

Apreendidos em leilão - Neste ano, a companhia adquiriu 933 veículos (655 automóveis e 278 motocicletas) em leilão presencial e pioneiro realizado pelo Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG) no mês de fevereiro. São aproximadamente 211 toneladas de sucata. Atualmente, o Detran/MG possui 27 mil veículos em péssimo estado (oriundos de apreensão em blitzen – multas e licenciamento irregular, judicial ou de práticas criminosas) em seus pátios e deve realizar outros leilões.

Na prática, a ArcelorMittal realiza o processo de descontaminação dos veículos (retirada de gases/líquidos em baterias, pneus e ar-condicionado) de pátio localizado no bairro Gameleira, em Belo Horizonte. Uma equipe da empresa “desinfeta”, empilha e prensa os veículos. O material prensado é carregado em carretas e transportado para a sua planta industrial em Juiz de Fora.

A ArcelorMittal Brasil conta com uma rede de captação e entrepostos localizados em diversos estados. Prensas móveis, instaladas em carretas, percorrem o País coletando material de recicladores de pequeno e médio portes. A movimentação dessas cargas é acompanhada a distância por meio de telemetria, o que permite o rastreamento do material e das carretas.