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“Não existe nenhuma dúvida de que o setor automobilístico irá, antes do que se esperava, recuperar todas as perdas causadas pela crise.” A enfática afirmação do executivo Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen América Latina, evidencia que os tempos de vacas magras, que geraram perdas de R$ 22 bilhões às gigantes do setor entre 2014 e 2017, estão sepultados. O grupo alemão, empolgado com o reaquecimento da economia brasileira, vai desembolsar R$ 7 bilhões nos próximos dois anos e lançar 20 novos modelos. “Se o Brasil continuar nesse ritmo, precisaremos voltar a contratar a partir de 2020”, diz o executivo.
A Volkswagen não está surfando sozinha na onda de otimismo. Em 06 de março, o presidente da Renault do Brasil, Luiz Pedrucci, anunciou a duplicação de sua fábrica em Curitiba, de olho no aumento das vendas no Brasil e na expansão das exportações para os países vizinhos. “Há elementos que reforçam nossa perspectiva de recuperação”, diz Antonio Megale, presidente da associação que representa as montadoras, a Anfavea. “Este ano tem tudo para ser ainda melhor que 2017, embora a média de vendas esteja abaixo do período pré-crise.” E não faltariam exemplos. Fiat, GM, Ford, Nissan e Toyota afirmam que a cautela adotada durante a recessão econômica dará lugar a novos ciclos de investimentos e lançamentos.
O otimismo tem sido sustentado por uma série de indicadores positivos. Pelos cálculos preliminares do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), quase a metade da alta industrial brasileira em 2017, ano que fechou com crescimento de 1% do PIB, se deu pela recuperação da cadeia automotiva.
Além disso, a expansão de mais de 13% do setor agropecuário no ano passado tem contribuído para a retomada das compras de caminhões e implementos. Não por acaso, o segmento de caminhões, em janeiro e fevereiro, com 8.699 unidades vendidas, disparou 56,71% acima do volume do mesmo intervalo de 2016.
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Apenas em fevereiro somou 4.106 unidades, resultado 57,26% acima do registrado no mesmo mês do ano passado. “São Pedro ajudou a agricultura e isso contribuiu para acelerar toda a economia”, diz o professor de economia do Insper, Otto Nogami. “A velocidade da recuperação brasileira nos primeiros dois meses deste ano mostra que voltamos a ter um horizonte animador”, acrescenta Alarico Assumpção Júnior, presidente da associação dos revendedores, a Fenabrave. Segundo a entidade, os emplacamentos de todos os segmentos (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros veículos) acumularam alta de 16,3% no primeiro bimestre do ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, somando 499.145 unidades.
Conjuntura
Parte da explicação para o reaquecimento se deve à queda dos juros. O ciclo de redução da Selic, orquestrado pelo Banco Central, ajudou a colocar mais dinheiro em circulação e reduziu o custo dos financiamentos. No ano passado, houve corte em todas as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), e os juros caíram de 13,75% para os atuais 6,75%. Os juros médios cobrados das pessoas físicas também encolheram, indo de 73,2% ao ano para 55% ao longo de 2017, segundo o BC. Soma-se a isso a recuperação de emprego. Apesar de ainda permanecer em um nível alto, de 12,7%, o saldo negativo de vagas formais no ano (20.832) foi bem menor que em 2016, de 1,3 milhão, e de 2015, com 1,5 milhão.
É fato que as montadoras, cada uma com sua própria visão e plano de negócios, estão se preparando para um crescimento mais rápido e intenso do que se imaginava até pouco tempo atrás. De março do ano passado até agora, as oito maiores montadoras anunciaram que vão investir quase R$ 15 bilhões no país até 2022. “A melhora generalizada no ambiente econômico está expressa em uma inflação menor, em juros menores, na redução dos índices de desemprego e no aumento da confiança do consumidor. Tudo isso posto na mesa nos leva a esperar um crescimento de dois dígitos a partir deste ano”, afirma Megale.
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