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Um dos desafios na geração de energia a partir de fontes renováveis é a captação dos recursos — a “disponibilidade” de vento e luz solar, por exemplo, oscila de acordo com as condições climáticas. Para resolver essa questão, a GE pensou em um modelo que reduz de forma significativa a intermitência: o WiSE (Wind integrated Solar Energy), um sistema híbrido que pode aproveitar a energia do vento e do sol de forma complementar.
“O modelo híbrido permite que a energia proveniente de fontes renováveis seja mais estável. Quando falta o recurso eólico, posso suplantar com o solar. A curva de geração é muito mais constante e confiável”, explica Gabriel Pontes, líder do produto e especialista em Wind Onshore da GE Renewable Energy. Ainda, o WiSE apresenta outra vantagem única. “A solução chega para mudar a matemática do sistema de transmissão. Com a mesma capacidade de escoamento, o WiSE garante maior despacho de energia no grid, aumentando o retorno financeiro e a produção de energia limpa para a população brasileira”, pontua.
O modelo híbrido foi desenvolvido no Centro de Pesquisas Global da GE, em Bangalore, na Índia. Os primeiros resultados têm criado expectativas bastante positivas, o que levou a GE a trazer o sistema para terras brasileiras.
Estrutura otimizada, custos reduzidos
Imagine os ganhos de um cenário em que a energia eólica é produzida em corrente alternada, ao mesmo tempo em que o controle de frequência e tensão feitos na turbina GE já acontece em corrente contínua — o que torna a integração com o recurso solar possível, uma vez que esta fonte tem sua saída também em corrente contínua. É desta maneira que a solução híbrida da GE garante que o mesmo conversor possa ser utilizado para ambas as energias.
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Outra razão para o êxito do modelo híbrido está nas possibilidades de economia. Na instalação de plantas de energia solar, um grande problema costuma ser o alto custo dos conversores. Com o WiSE, o custo do equipamento já está agregado ao da máquina: o modelo já sai de fábrica com o conversor, que serve tanto para turbinas eólicas como para placas solares.
Com isso, compartilha-se a estrutura civil e elétrica para as duas fontes de energia, eliminando custos civis e elétricos de média tensão das placas solares e garantindo o uso mais eficiente do BOP (balanço elétrico) das turbinas eólicas. Isso representa uma redução de custos de cerca de 15% em investimento quando comparado ao modelo convencional de parques solares, uma vez que há menor gasto com a construção da infraestrutura do parque. E tem mais: o sistema de monitoramento — denominado SCADA — utilizado nos aparelhos já possui segregação entre entrada solar e eólica, ou seja, é possível saber exatamente quanto cada fonte introduz no sistema, o que implica em um maior controle de monetização, dando maior liberdade na tomada de decisão em relação à venda de energia produzida — seja em ambiente regulado, seja em ambiente livre.
Pioneirismo nacional: possibilidades no horizonte
O Brasil é o primeiro lugar no mundo em que a GE está estudando a instalação do modelo híbrido para teste em um parque eólico já em operação comercial. Além de implementar um sistema por si só disruptivo, a GE está demonstrando que é possível adaptar uma estrutura já existente para convertê-la em híbrida e maximizar sua produtividade. Gabriel Pontes crê que, já em 2018, poderemos ver parques comerciais com a solução implementada funcionando a toda potência. “Se tudo der certo, já no primeiro quadrimestre”, afirma. E as conquistas já são bem expressivas: uma grande desenvolvedora de parques eólicos no país, a Casa dos Ventos, já fechou uma parceria com a GE que inclui o piloto em quatro turbinas e uma capacidade instalada de 1 MW de energia solar.
Por ser uma inovação recente, o sistema ainda precisa ser regulamentado no Brasil. Ainda assim, por conta de todos os benefícios que ele pode trazer para o país, é provável que a solução saia em breve. “Em todas as conversas que tivemos até hoje a recepção é muito boa, não só dos órgãos públicos responsáveis, mas também dos clientes, que vêm uma oportunidade de geração de valor muito grande”, afirma Pontes. Para ele, o modelo híbrido fomentará uma grande cadeia produtiva e criará zonas de atratividade econômica em diversas regiões do Brasil, especialmente no Norte e no Nordeste. “Com o modelo híbrido, o Brasil vai ter a possibilidade de explorar muito mais suas fontes renováveis. Temos o melhor recurso eólico do mundo e um dos melhores recursos solares. Se conseguirmos garantir uma constância, propiciaremos a expansão desse sistema, oferecendo mais estabilidade para a indústria de renováveis”, completa.
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