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“A colaboração é um ingrediente básico para a inovação.” Com essa mensagem Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul, anunciou a chegada do Ford Lab, programa da montadora que vai identificar e acelerar startups com soluções voltadas à mobilidade no Brasil. Assim, a empresa pretende colaborar com o ecossistema nacional de inovação e, em troca, ganhar impulso para enxergar novas oportunidades e parcerias localmente. O foco está em encontrar iniciativas com potencial para gerar impacto social positivo e que possam ganhar escala, chegando ao maior número de pessoas possível. O Ford Lab foi divulgado oficialmente na quarta-feira, 14, na Campus Party de Brasília (DF), evento de empreendedorismo e economia digital que a montadora apoia há cinco anos.
Ações do gênero já são bastante comuns fora do Brasil e até mesmo localmente, mas em outros setores, como o financeiro e de tecnologia. Com a iniciativa, a Ford passa a ser a primeira fabricante de veículos a desenhar um programa exclusivo de aceleração de startups no Brasil - a Mercedes-Benz tem uma iniciativa nessa área, mas em parceria com outras companhias. A companhia não revela o investimento, apenas confirma que o aporte será feito pelo Ford Fund, seu braço social destinado ao apoio de iniciativas nas áreas de mobilidade, segurança e educação. “Queremos encontrar soluções capazes de melhorar a vida das pessoas de baixa renda”, diz Jim Vella, presidente da instituição, que veio ao País para anunciar a novidade.
O programa foi desenvolvido em parceria com a Artemisia, organização sem fins lucrativos focada justamente em dar suporte a iniciativas de impacto social. Serão duas fases. A primeira é a criação da Tese de Impacto, um levantamento sobre os desafios de mobilidade que as populações de baixa renda enfrentam no Brasil. O objetivo é entender os gargalos, cruzando informações sociais e oportunidades de negócio. “O acesso à educação, a oportunidades de trabalho e à saúde. Tudo isso envolve mobilidade. É algo essencial que as pessoas precisam ter garantido”, define Vella. Em agosto deste ano, em paralelo com o desenvolvimento do estudo, começa a segunda fase do Ford Lab, com a abertura das inscrições para as startups com soluções de mobilidade interessadas em participar do programa.
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A companhia ainda não tem números definidos de quantos negócios deve acelerar de fato. “Vamos começar a mapear este setor agora. Ainda não temos ideia do que vamos encontrar”, admite Fernão Silveira, diretor de comunicação da Ford Brasil. Mais adiante, uma vez selecionadas as empresas passarão por programa de seis semanas para acelerar seus negócios, com acesso a ferramentas exclusivas e mentorias com profissionais especializados em mobilidade e em negócios sociais. A ideia é lapidar e dar impulso para que o negócio decole. A Ford deve oferecer ainda ajuda financeira de R$ 15 mil a R$ 20 mil para as empresas que passarem pelo programa.
O grande objetivo é encontrar boas ideias que parem de pé, se sustentem como negócio sem necessidade de subsídio, mas mantenham o viés social. A seleção acontecerá apenas entre startups brasileiras, mas a ideia é que, ao encontrar boas soluções, os projetos possam ser escalados inclusive para outros países. “Podemos encontrar um empreendimento que resolva um problema que existe no Brasil e na África, por exemplo”, diz Vella.
O 1º Ford LAB do mundo
O Ford Lab brasileiro é o primeiro do mundo. “Podemos levar essa ideia a outros mercados”, aponta Vella. A iniciativa surgiu por demanda do time local de mobilidade inteligente. A empresa aponta que os profissionais da região buscavam estreitar o relacionamento com o ecossistema de inovação. Prova disso é a insistência da companhia em participar da Campus Party já há meia década. Há alguns anos a Ford promove ainda Hackthons, que são maratonas de programação focadas na solução de um determinado problema.
A companhia também trabalhava em convocações de startups para desenvolver soluções e aplicativos para o Sync, sistema de conectividade que equipa os carros da marca. Ainda assim, nenhuma iniciativa era tão ampla como o Ford Lab. “Recebemos essa demanda lá na nossa sede, em Dearborn, e começamos a estudar como fazer”, conta Vella. Silveira complementa: “Buscamos um caminho para unir a nossa vontade de aprender com os empreendedores, de compartilhar o nosso conhecimento com as startups e de nos aproximar do ambiente de inovação”.
Nos Estados Unidos a montadora tem uma série de parcerias com jovens empresas, cooperando com startups de transporte ou de compartilhamento de bicicletas, por exemplo. A companhia reforça o coro das corporações automotivas que querem fugir do rótulo de montadora para adotar o título de “empresa de tecnologia e soluções de mobilidade.” Na Ford, esse esforço passa pela promessa de começar a fabricar carros autônomos já a partir de 2021. “Queremos conduzir e acelerar a transformação do setor automotivo, não apenas reagir a ela”, resume Vella.
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