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A agência de classificação de risco Moody’s colocou a nota do Brasil em revisão para rebaixamento. Hoje, a nota está no nível Baa3, último degrau do grau de investimento, considerado referência de bom pagador para o mercado. Em até três meses, a Moody’s decidirá se rebaixa o Brasil para o grau especulativo. A agência também cortou a nota de crédito da Petrobrás.
Em setembro, outra agência, a Standard & Poor's, rebaixou a nota brasileira, tirando o selo de bom pagador do País. No mês seguinte, foi a vez da Fitch, que diminuiu o rating do Brasil, mas manteve o grau de investimento.
Segundo a agência, a revisão se deve à rápida deterioração da economia e das tendências das contas públicas, além da reduzida chance de reversão desses problemas nos próximos dois a três anos. Em comunicado, a Moody’s citou a paralisia política como um dos entraves à melhora da economia.
Caso o rebaixamento seja confirmado, a Moody’s será a segunda das três grandes agências de classificação de risco a tirar do Brasil o grau de investimento – a Standard & Poor’s já havia rebaixado o País em setembro. Como muitos fundos de investimentos internacionais só fazem aplicações em países que tenham o aval de bom pagador de pelo menos duas agências, pode haver uma forte saída de dólares do País.
Piora dos indicadores
O vice-presidente da Moody’s, Mauro Leos, informou ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que a revisão da nota brasileira será concluída em até três meses. Antes disso, os técnicos da agência deverão fazer nova visita ao País.
“Queremos ver se nossa avaliação não está pessimista ou otimista demais”, disse Leos, acrescentando que desde agosto os indicadores econômicos apresentaram piora. “Não é só o desempenho de 2015 que está sendo afetado. A evolução a médio prazo também.”
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Entre os pontos mais preocupantes, estão a perspectiva de forte contração da economia por dois anos seguidos e a tendência de crescimento do tamanho da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Pelos cálculos da Moody’s, a economia deverá encolher 3,5% neste ano e 3,0% em 2016. Já a dívida deve ficar em 68,5% do PIB em 2015 e avançar para 71,2% em 2016.
A expectativa é de que o resultado primário (receitas do governo menos despesas, sem contar os gastos com juros) seja de um déficit de 1% do PIB em 2015 e também em 2016. O déficit total, incluindo os gastos com juros, deve ficar em 9,9% do PIB em 2015 e 9,4% em 2016.
Ainda é esperado que a inflação feche este ano em 10% e desacelere para 6,5% em 2016, com a taxa básica de juros (Selic) se mantendo no atual patamar de 14,25%.
Sem reformas nem confiança
A crise política, na avaliação de Leos, dificulta o acerto das contas públicas. “É difícil esperar que haja reformas estruturais nesse contexto”, afirmou. “É preciso ter a capacidade de se estabelecer acordos políticos para recuperar a confiança e os investimentos.”
Em relatório, a Moody’s informou que “o crescimento da economia e superávits fiscais de pelo menos 2% do PIB são necessários para estabilizar os índices de dívida e assegurar sustentabilidade fiscal nos próximos anos, ainda mais se a carga de juros sobre a dívida do governo aumentar”.
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