Taxa de desemprego segue em alta em maio

Taxa de 6,5% representará o maior aumento em 12 meses desde 2003.

A taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas acompanhadas pela PME/IBGE deve ficar em 6,5% em maio de 2015, segundo a projeção Catho-Fipe. Esse valor é 1,6 ponto percentual maior do que o registrado em maio de 2014. Esse número representará o maior aumento da taxa de desemprego com relação ao resultado do mesmo mês do ano anterior desde dezembro de 2003. Nem na crise de 2008-2009 a deterioração do mercado de trabalho no período de 12 meses foi tão grande.

A Fipe e a Catho apresentam também outros indicadores que reforçam esse diagnóstico negativo. Além do aumento esperado da taxa de desemprego, nota-se que o salário médio de admissão registrou queda de 1,4% na comparação livre de efeitos inflacionários entre abril de 2015 e o mesmo mês do ano anterior. A ‘Pressão Salarial’ média dos últimos 3 meses também sofreu nova redução, atingindo 0,896 em abril. Isso mostra que os novos admitidos estão sendo contratados por um salário 10,4% menor se comparado àqueles que deixaram seus empregos. Esse movimento de piora nos salários e na pressão salarial é consistente com a piora que esperamos para a taxa de desemprego.

Ao compilar e processar informações de currículos, anúncios de vagas e de contratações disponibilizados pela Catho, a Fipe calcula uma estimativa para a taxa de desemprego da Pesquisa Mensal de Emprego (PME/IBGE)*. A estimativa da Taxa de Desemprego Antecipada de maio de 2015 é de 6,5%, ligeiramente maior do que a registrada em abril e 1,6 ponto percentual maior em relação ao mesmo mês de 2014.

Se a nossa projeção for confirmada, esse será o sétimo mês seguido no qual a taxa de desemprego fica acima ou igual à registrada no mesmo mês do ano anterior. Não obstante, a tendência segue de piora, visto que a cada mês que passa a distância da taxa de desemprego atual com relação à do mesmo mês do ano anterior aumenta. De fato, caso a nossa projeção seja confirmada, o resultado de maio dessa conta – aumento de 1,6 ponto percentual – será o maior registrado desde Dezembro de 2003.


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A estimativa da Taxa de Desemprego Antecipada feita por meio da técnica do “nowcasting” utiliza dados disponibilizados em “tempo real” para produzir informações e estatísticas precisas, sem a necessidade de esperar semanas ou meses até os institutos de pesquisa divulgarem os indicadores oficiais e defasados. No caso da Taxa de Desemprego, a Fipe cruza informações obtidas com buscas na Internet (por meio de palavras chave relacionadas a emprego, por exemplo) com informações de vagas, candidatos e contratações da Catho, além de outros dados econômicos e também a própria série da PME dos meses anteriores para estimar a taxa de desemprego do mês corrente.

Outro indicador bastante relevante para o monitoramento do mercado de trabalho é o salário médio de admissão. Por indicar como está a evolução da remuneração dos trabalhadores que iniciam um novo vínculo, tem a qualidade de ser um termômetro mais ágil de variações dos salários do que a média de remuneração de toda a população ocupada.

Em abril, o salário de admissão médio apresentou queda de 1,4% descontada a inflação quando comparado ao resultado do mesmo mês do ano anterior. Ainda que esse resultado seja ligeiramente superior ao dos últimos meses (em fevereiro a queda foi de 2,1% e em março de 1,5%) é fato que o resultado atual ainda se configura como um número fraco de variação dos salários de admissão.

A comparação dos salários médios de admissão e de desligamento é útil para identificar o grau de dificuldade que as empresas encontram quando precisam contratar novos funcionários. Ou, por outro ângulo, mostra também a condição que os postulantes a novos empregos encontram no momento de negociar seus salários.

A medida é calculada de forma simples: é a divisão entre o salário de admissão médio pelo salário de desligamento médio em um determinado mês, segundo o Caged/MTE. Se for igual a 1, significa que em média os trabalhadores novos estão sendo contratados pelo mesmo salário daqueles que deixam seus empregos. Porém, normalmente, esse valor é menor do que 1, já que os novos contratados costumam ter salários menores que os desligados. À medida em o tempo passa, o vínculo entre a empresa e o empregado se fortalece, e o trabalhador avança na progressão salarial.

Portanto, quanto maior a pressão salarial, maior o ‘aperto’ no mercado de trabalho. Os dados exibidos no gráfico acima mostram a série dessazonalizada da Pressão Salarial para o Brasil desde 2006 em forma de média móvel de 3 meses afim de evitar flutuações espúrias de curto prazo. Durante a crise financeira de 2008-2009 houve forte queda nesse indicador, que voltou a subir em 2010 e atingiu o pico de 0,941 em abril de 2012. A partir de então, lentamente, a pressão salarial apresenta tendência de queda e já está significativamente abaixo da média do período 2006-2015, indicando que o mercado de trabalho está num período menos apertado. Em abril/2015, a pressão salarial livre de efeitos sazonais foi de 0,896, ou seja, em abril o salário médio dos admitidos foi 10,4% menor do que o dos desligados no período.


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