Anfavea expõe situação grave ao MDIC

Com mercado interno contraído, entidade busca solução para exportações.

Diante do recente tombo das vendas internas, a Anfavea, associação que representa os fabricantes de veículos, buscou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) para debater possíveis soluções para a indústria. Na quinta-feira (26), Luiz Moan, presidente da entidade, reuniu-se com o ministro da pasta, Armando Monteiro, em São Paulo (SP). O encontro mobilizou a alta cúpula das montadoras, com a participação de cerca de 35 líderes das companhias instaladas no Brasil.

A pauta central do encontro foi o Plano Nacional de Exportações, programa de estímulo às vendas internacionais que prevê ampliação e fortalecimento de acordos comerciais com outros países, além de buscar uma solução para a falta de financiamento às vendas externas. O projeto ganha importância para a Anfavea, que administra o minguado mercado interno, que encolheu 23,1% no primeiro bimestre deste ano. Entre janeiro e fevereiro foram vendidos internacionalmente apenas 47,5 mil veículos, número 7,2% inferior ao registrado no mesmo intervalo do ano passado. “O Brasil já exportou 30% de sua produção e hoje exporta apenas um terço disso”, aponta o ministro.

“Precisamos discutir a relação com a Argentina, ampliar a parceria com a Colômbia e buscar acordos com Equador, Peru e países do continente africano”, resume o dirigente da Anfavea. Ele enfatiza que a aliança com a Argentina é essencial para garantir o bom desempenho das vendas externas brasileiras, já que o país é o principal destino dos carros nacionais. Moan defende que a parceria não se resume apenas a relação comercial e trata-se de uma integração produtiva, já que envolve também importação e exportação de autopeças e componentes. O acordo atual vence no próximo dia 30 de junho. “Estamos construindo a posição brasileira com a Argentina”, aponta o ministro.


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Renovação de frota

Outro assunto que entrou na pauta do encontro entre MDIC e Anfavea foi a renovação de frota. O programa está em negociação desde 2013 sem qualquer definição. Este ano, no entanto, o projeto pode representar a salvação para a conjuntura atual, com vendas de caminhões extremamente fracas e capacidade ociosa nas fábricas do segmento em torno de 50%. Monteiro também apontou que uma política do gênero ampliaria a produtividade do sistema de transportes no Brasil.

O ministro confirmou que o governo seguirá empenhado para implementar o programa, mas não deu um prazo para que isso aconteça. Na visão dele, um projeto de renovação da frota é oportuno mesmo no momento de ajuste das contas públicas. “Também pedimos previsibilidade de taxas de juros e condições de compras de caminhões no longo prazo. O ministro recebeu bem as propostas e se comprometeu a trabalhar nisso”, assegurou Moan.

Inovar-Auto

O Inovar-Auto também foi apontado como um dos temas da reunião. Moan disse ter alertado o ministro sobre a importância de realizar as regulamentações pendentes do programa. O presidente da Anfavea aponta que hoje, quase dois anos e meio depois de o regime automotivo ter entrado em vigor, ainda há aspectos importantes que precisam ser detalhados. Um deles está relacionado às metas de eficiência energética impostas para os veículos vendidos no Brasil.

Segundo o executivo, até agora não está definido como será feito o procedimento de verificação, previsto para acontecer já em 2016. “Se precisasse fazer isso agora, não saberia como passar os dados para o governo”, revela Moan.