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A Daimler Buses, divisão de ônibus da montadora alemã Mercedes-Benz, prevê que 2015 será um ano tão difícil quanto 2014 para as fabricantes brasileiras de ônibus. Apesar das expectativas de queda de 15% nas vendas no país este ano, o presidente mundial da companhia, Hartmut Schick, ainda vê o Brasil como o principal mercado da companhia, que se prepara para lançar novos produtos no país, de olho na recuperação do segmento no longo prazo.
"O Brasil representa 40% do mercado da nossa divisão de ônibus. A partir do ano que vem pretendemos começar a atacar o mercado indiano. Foi um ano difícil aqui este ano, mas o Brasil ainda deve ficar por um bom tempo como nosso principal mercado", comentou Schirck, que visita o país para participar da feira de mobilidade urbana FetransRio, no Rio de Janeiro.
De acordo com as projeções da companhia, as vendas de ônibus no Brasil devem cair 15% este ano, para cerca de 25 mil veículos. Apesar do recuo, a empresa comemora o aumento de seu market share, que avançou cinco pontos percentuais até outubro, na comparação com os dez primeiros meses de 2013, e atingiu os 48,1% nas vendas de veículos acima de oito toneladas.
Ao todo, a Daimler Buses prevê fechar o ano com vendas de 12,5 mil no mercado interno. Para 2015, a montadora estima que sejam comercializados no país entre 25 mil e 27 mil veículos e que o market share da empresa seja mantido entre 45% e 50%.
O mercado urbano é o principal nicho da companhia e representa cerca de 45% dos negócios da Daimler Buses no país. Na contramão da queda do mercado, o segmento cresceu 4,4% no ano. Dentro desse segmento, a empresa aposta na continuidade dos projetos de BRT e no lançamento de novas tecnologias, como ônibus com câmbio automatizado e veículos bicombustível (GNV+diesel).
"Uma parte dos projetos de BRT foi bastante alavancada com a preparação das sedes para a Copa, mas algumas cidades atrasaram seus sistemas. Então deve haver uma continuidade no nível de vendas nos próximos anos", destacou Ricardo Silva, diretor geral de Ônibus da Mercedez-Benz para a América Latina.
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O mercado, em 2010, segundo a companhia, estimava que os sistemas BRT demandassem 4 mil unidades até 2014, mas apenas metade desse volume se concretizou. A expectativa é que ainda existam cerca de 2 mil veículos a serem contratados nos próximos quatro anos.
Ainda no segmento urbano, a empresa tem boas perspectivas com a venda de modelos bicombustível GNV+diesel que operam com uma mistura de até 70% de gás natural veicular. Serão testados três veículos no Rio de Janeiro ao longo de 2015, em parceria com a distribuidora de gás CEG.
"O dual fuel é uma solução pioneira nos negócios globais da Daimler Buses. Estamos desenvolvendo essa tecnologia há dois anos para nos adaptar à realidade brasileira, que não é propícia para um veículo 100% a gás. Existe no Brasil um receio quanto a disponibilidade e preço do gás. Precisamos primeiro convencer os clientes", comentou Silva.
A fabricante de ônibus também vê com bons olhos as perspectivas de renovação da frota no segmento rodoviário e de avanço nos programas de transporte escolar do governo.
Para além das vendas internas, a Daimler Buses prevê exportar este ano cerca de 10 mil veículos. Shick espera que a valorização do dólar frente ao real poderá abrir novas oportunidades de exportação, mas trabalha inicialmente com uma projeção de vendas nos mesmos patamares deste ano.
"Para exportar o câmbio vai ajudar. Podemos calibrar o preço para aumentar vendas com o cambio favorável. O dólar ajuda, mas não é o único a influenciar. Uma infraestrutura de exportação também é importante. Às vezes perdemos chances de exportação porque o custo no Brasil é alto", defende Schick.
A Argentina é o principal mercado da companhia, que planejava vender 4 mil unidades para o país vizinho este ano, mas só deve concretizar 2.500 veículos.
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