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São José do Norte é prova do crescimento movido pelos polos navais instalados no Rio Grande do Sul. A cidade, próxima de Rio Grande, experimenta, desde o ano passado, uma expansão expressiva, que pode ser notada, por exemplo, com a chegada de quatro hotéis e crescimento de 40% no comércio local.
“Até 12 meses, pouca gente acreditava que essa indústria pudesse fincar os pés em São José do Norte em tão pouco tempo. Quando decidimos vir, nem os gaúchos sabiam onde ficava a cidade. Hoje, ela é conhecida não só no Brasil, mas no mundo inteiro”, conta o presidente da Estaleiros do Brasil (EBR), Alberto Padilla.
A aposta da EBR, que investe R$ 500 milhões na instalação de um estaleiro na cidade, impulsionou uma série de negócios — como o dono da ferragem local que expandiu os negócios para atender à nova demanda aos fornecedores de maior porte, que foi um dos cases apresentados durante o Simpósio SAE Brasil da Indústria Naval, Óleo e Gás 2014, realizado, nesta quinta-feira, na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs).
Padilla, que conheceu a história do dono da ferragem pelo jornal, passou a comprar ferramentas no estabelecimento, embora poucos produtos tenham afinidade com as necessidades do estaleiro. “É mais uma forma de estimulá-lo pela ousadia”, resume. A mesma coragem enaltecida pelo presidente da EBR foi repassada a empresários de diversos segmentos, que buscam participar do crescimento expressivo do segmento naval, cujos investimentos do governo federal, apenas para exploração do pré-sal, chegam a R$ 15 bilhões no Estado, detalha o chairman do encontro, Lourival Stange.
Gottfried Wolgien, coordenador de desenvolvimento de fornecedores para conteúdo local da Petrobras, detalhou que a estatal tem previsão de investir US$ 220,6 bilhões entre 2014 e 2018. Deste total, 70% (US$ 153,9 bilhões) serão aportados em exploração e produção, e 18% (US$ 38,7 bilhões), na área de abastecimento.
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As oportunidades acompanham o potencial dos investimentos. Wolgien sinalizou que a Petrobras dependerá de mais 198 barcos de apoio de grande porte, 28 sondas de perfuração, 88 navios petroleiros, 32 plataformas até 2020 (e outras 11 entre 2021 e 2024 para o Campo de Libra) e que há programas que privilegiam empresas de todos os portes. O gestor exemplificou apresentando dados da parceria entre a Petrobras e o Sebrae, que levou mais 19 mil empresas a ingressarem no cadastro de fornecedores da estatal.
Os desafios para o desenvolvimento do setor, assim como as oportunidades, também são significativos, mas o consenso entre os painelistas é de que a qualificação é um dos principais entraves. “O problema do Brasil é a produtividade”, assegurou, mais de uma vez, Padilla. “Resolver esse problema depende de investimento e qualificação”, acrescentou.
Há carência no Brasil de expertise em equipamentos, salientou o vice-presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Desenvolvimento, Aloísio Nóbrega. “Nós precisamos de engenharia de equipamentos e não temos essa formação no País.” A aproximação entre a academia e a indústria ainda é incipiente, mas já colhe frutos. Parte dos investimentos em pesquisa do Laboratório de Metalurgia Física da Ufrgs é decorrente do forte trabalho do grupo no desenvolvimento de tecnologia aplicada ao setor de petróleo e gás. Só a Petrobras é responsável por aportar R$ 70 milhões em projetos do Lamef, detalhou o professor Thomas Clarke.
O coordenador de energia da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Jorge Luís Ferreira Boeira, ponderou que o intercâmbio de conhecimento é fundamental para aprimorar negócios. “Estar nas grandes feiras do setor é um choque de realidade, mas é importante fazer esse exercício”, destacou.
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