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Depois do tombo de 2012, quando a produção do setor caiu 40%, a indústria de caminhões retomou a trajetória de crescimento no ano passado e começou 2014 confiante na continuidade dessa recuperação. Com a manutenção das taxas de financiamento subsidiadas pelo governo, somada a perspectivas positivas para a safra agrícola - dois fatores que puxaram a retomada do ano passado -, havia motivos para o otimismo. Mas a realidade, pelo menos até agora, é de resultados frustrantes.
As vendas do primeiro trimestre, de 30,6 mil unidades, voltaram a ficar abaixo do nível de 2010, quando o setor ainda se recuperava da crise financeira internacional. Para piorar, a retração do consumo no mercado doméstico é acompanhada pela crise na Argentina, principal destino dos veículos exportados pelo Brasil, incluindo os caminhões.
O resultado dessa combinação tem sido um corte quase generalizado na produção das principais montadoras de veículos pesados - apenas na Volvo, instalada em Curitiba (PR), não há registros de ajustes. A Mercedes-Benz, que já vinha trabalhando em esquema de semana curta de trabalho - com um dia a menos de produção -, definiu novas medidas para solucionar um excesso de mão de obra estimado em 2 mil operários na fábrica de São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. A partir de 5 de maio, a montadora vai suspender temporariamente um dos dois turnos da linha de caminhões, afastando os trabalhadores por meio de licença remunerada. O número de operários, assim como o prazo da licença, ainda está sendo negociado com o sindicato dos metalúrgicos do ABC.
Além disso, a Mercedes vai - provavelmente na semana que vem - abrir um programa de demissões voluntárias a todos os mais de 12 mil funcionários da fábrica de São Bernardo. Férias coletivas também estão previstas na linha de CKD, responsável pela exportação de veículos desmontados e onde trabalham 200 pessoas.
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Na fábrica de caminhões extrapesados da Mercedes em Juiz de Fora (MG), serão concedidas férias coletivas de três semanas: entre 22 de abril e 11 de maio. Também já está definida uma folga aos trabalhadores da montadora no dia 2 de maio, na emenda do feriado do Dia do Trabalho.
A Iveco também vai antecipar, para este mês, as férias coletivas na fábrica de caminhões em Sete Lagoas (MG). A montadora informa, porém, que ainda não definiu o período em que essas férias serão concedidas, assim como o número de operários envolvidos. Segundo a Iveco, as férias são "um instrumento usual para administrar o equilíbrio entre pessoas disponíveis e produção necessária".
As montadoras dizem que o desempenho do primeiro trimestre, quando as vendas de caminhões cederam 11,2%, foi comprometido pelo atraso do governo na definição das novas regras da linha de crédito para bens de capital do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Depois disso, houve lentidão na liberação dos financiamentos por conta de mudança na metodologia de aprovação do crédito. "Em março, só 45% dos pedidos [de financiamento] da Ford tinham sido aprovados", conta o presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.
Nesta semana, o BNDES voltou a simplificar a tramitação desses processos, o que pode ser o ponto de partida para uma nova retomada do mercado. Mas os empresários também estão preocupados com a quebra da confiança na economia. "O mercado de caminhões é um termômetro da atividade econômica. Comprar caminhão é uma decisão baseada na expectativa de bons volumes de transporte. Mas a economia não avança como se esperava e o impacto disso em nosso setor tem sido pior do que imaginávamos", afirma Roberto Cortes, presidente da MAN na América Latina. A partir de 17 de abril, a MAN, montadora dos caminhões da marca Volkswagen, vai afastar, por pelo menos cinco meses, 200 empregados da fábrica de Resende, no sul do Rio de Janeiro.
Em São Bernardo, 900 operários da linha de caminhões da Ford saem de folga hoje e só retornam no dia 14, enquanto a Scania já programou mais duas paradas no ABC: uma no dia 22 de abril e depois no dia 5 de maio.
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