O volume recorde de veículos vendidos em janeiro não foi suficiente para sustentar uma retomada mais firme da atividade nas montadoras.
A produção do setor recuou 18,7% em relação a igual mês do ano passado, para 237,5 mil unidades. Em relação a dezembro, houve leve avanço, de 2,9%. Os dados foram divulgados pela Anfavea (associação das montadoras) nesta quinta-feira (6).
As vendas do início do ano foram impulsionadas sobretudo pelo estoque de unidades com IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido, faturadas no ano passado.
O imposto subiu em 1º de janeiro e elevou o preço dos carros fabricados neste ano.
As montadoras também aproveitaram o mês para fazer campanhas de promoção que atraíssem os consumidores às lojas.
Os dois fatores garantiram um crescimento de 0,4% nas vendas de janeiro em relação a igual período do ano passado. As 312,6 mil unidades representam um volume recorde para o primeiro mês do ano.
Executivos interpretaram o resultado como um bom sinal para o início do ano após a decepção com o desempenho de 2013, quando o mercado teve a primeira queda em dez anos.
A avaliação, porém, é de que ainda é cedo para garantir uma tendência de aquecimento de mercado neste ano. Uma desaceleração ao final do mês indica que o resultado de janeiro pode ter sido um caso pontual dentro da perspectiva tímida para 2014.
Expectativas
As previsões para o ano são de crescimento modesto tanto em vendas como em produção. Restrição do crédito, desaceleração no crescimento da renda das famílias e baixa confiança, fatores que atrapalharam o mercado em 2013, continuam a pesar nos negócios, somando-se ainda aos feriados da Copa do Mundo.
Para a produção, além de um mercado interno morno, há ainda uma perspectiva de piora nas exportações com as restrições impostas pela Argentina, principal parceiro do Brasil no setor.
As vendas externas em janeiro caíram 28,9%, para 25.779 unidades, um sinal de que as barreiras no vizinho já surtem efeitos.
No ano passado, as exportações ajudaram a garantir um avanço recorde da produção apesar da retração nas vendas internas.
Por Gabriel Baldocchi/ Folha de S. Paulo