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Pela primeira vez desde 18 de junho, o dólar ficou abaixo de R$ 2,18. Nesta quinta-feira (10), a moeda americana teve uma desvalorização de 1,22% e encerrou o dia cotada a R$ 2,179. A queda ocorreu no dia seguinte à decisão do Banco Central (BC) de elevar a taxa básica de juros (Selic) para 9,50% ao ano e sinalizar que ela poderá chegar aos dois dígitos.
Ao término da reunião de quarta-feira (9), o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou o mesmo comunicado das reuniões de maio, julho e agosto. Nele, os diretores do BC afirmaram que a decisão "contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano". Para o mercado, o documento indica novo aumento de 0,50 ponto porcentual para a Selic em novembro.
Aposta
A tendência de elevação dos juros cria uma expectativa no mercado de entrada de capital estrangeiro no Brasil. "Ficou difícil apostar no dólar", afirmou Paulo Fujisaki, gestor da área de câmbio da corretora Socopa, lembrando que o BC segue com sua estratégia de injeção diária de recursos no sistema. Ontem, o BC vendeu mais 10 mil contratos (US$ 497,5 milhões) de swap (equivalentes à venda de moeda no mercado futuro). "Claro que o Brasil tem risco, mas o retorno (com a Selic) compensa isso. E o negócio do estrangeiro é ganhar dinheiro", disse Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.
O programa diário para conter a alta do dólar foi anunciado em 22 agosto, quando a moeda americana foi cotada a R$ 2,438. "Nas últimas declarações, o Alexandre Tombini (presidente do Banco Central) sinalizou que vai continuar mantendo o seu programa de venda de dólares", afirmou Fernando Fix, economista-chefe da Votorantim Wealth Management & Services (VWMS).
A tática do BC tem dado resultado. Entre 16 moedas analisadas pela VWMS, o real foi a que mais se valorizou ante o dólar. Nos 30 dias encerrados ontem, a moeda brasileira teve uma valorização de 4,8%, Em seguida estão o dólar da Nova Zelândia (2,8%) e o franco suíço (2,6%).
O movimento de queda do dólar também ganhou força com o impasse fiscal nos Estados Unidos e pela decisão do Federai Reserve (Fed, o banco central dos EUA) de manter os estímulos econômicos.
"Há uma depreciação global do dólar relacionada principalmente com a questão fiscal dos Estados Unidos", afirmou Rafael Bistafa, economista da Rosenherg & Associados.
Expectativa
Apesar do recuo de ontem, profissionais ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, não descartam ajustes com alta do dólar hoje ou nas sessões seguintes. Tudo porque o cenário nos EUA ainda inspira preocupações e parece claro que o Fed, em algum momento, iniciará a retirada dos estímulos à economia. A perspectiva é de que o dólar oscile por enquanto em patamares próximos de 2,20. "E cedo para pensar em um dólar ainda mais baixo. No primeiro momento, ocorre este movimento que a gente vê hoje (ontem), mas depois ajusta", comentou Battistel.
"Sinceramente, não creio que o dólar caia muito abaixo disso não. Se os Estados Unidos mexerem algo em sua política monetária, acaba ocorrendo uma pressão de alta para o dólar aqui dentro", afirmou Fujisaki.
Por Fabrício de Castro/ O Estado de S. Paulo
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