O dólar recuou ontem (9) pela sexta sessão seguida e fechou abaixo de R$ 2,30. Este movimento foi atribuído a bons indicadores da economia internacional, que reforçaram o apetite dos investidores em todo o mundo por aplicações de maior risco, e à ação do Banco Central.
No Brasil, o dólar à vista negociado no balcão encerrou em baixa de 1,30%, cotado a R$ 2,2770. Este é o menor patamar de fechamento desde 9 de agosto deste ano. Em setembro, a moeda acumula baixa de 4,45%.
A China divulgou um superávit comercial de US$ 28,6 bilhões em agosto, acima dos US$ 17,8 bilhões em julho e da previsto de US$ 20,4 bilhões dos economistas. O resultado foi interpretado como uma indicação de que a economia chinesa está se estabilizando, após meses de desaceleração. Além disso, a economia japonesa cresceu 3,8% no segundo trimestre em comparação ao mesmo período do ano anterior - acima dos 2,6% originalmente anunciados.
A eleição de conservadores na Austrália, prometendo estímulos à economia, também agradou os investidores.
O ânimo com os dados da Ásia pela manhã foram seguidos por apreensão em relação ao desdobramento da crise na Síria. À tarde, a Casa Branca adotou uma postura mais amena, ao afirmar que deseja "olhar de perto" a proposta do país para abandonar armas químicas. Com isso, bolsas em todo o mundo ganharam fôlego e o dólar seguiu em baixa.
Brasil
No País, a perda do dólar foi favorecida pela liquidez reduzida - que torna a taxa de câmbio mais sensível a movimentos isolados - e pela venda de 10 mil contratos de swap cambial (equivalente à venda de dólares no mercado futuro) pelo Banco Central, numa operação de US$ 497,6 milhões. O leilão de swap faz parte da estratégia, anunciada no dia 22 de agosto, de injeção diária de liquidez pelo BC.
"O mercado está com fluxo baixo e acabou que o movimento ficou mais vendedor (de dólares). O dólar acabou caindo mais aqui do que em outras praças", destacou um operador de câmbio de um banco. Segundo ele, o recuo do dólar é mais intenso no Brasil porque, no passado recente, a volatilidade também foi maior. "Agora, o mercado acaba devolvendo um pouco mais." "Os leilões do BC são um estímulo para derrubar a moeda", acrescentou Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora. "Como tem liquidez, o mercado fica mais tranquilo."
"Os leilões do BC são um estímulo para derrubar a moeda. Como tem liquidez, o mercado fica mais tranquilo", disse Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora.
Por Fabrício de Castro/ O Estado de S. Paulo