Gerdau, ArcelorMittal e Votorantim Siderurgia vão ganhar novos competidores a partir de 2014 no mercado brasileiro de aços longos, especificamente na região Sudeste. Dois novos fabricantes prometem estrear no país: a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), com uma fábrica em Volta Redonda (RJ), e o grupo mexicano Simec, com sua operação em Pindamonhangaba, interior de São Paulo (Vale do Paraíba).
As vendas de aços longos visam desde a construção civil até aplicações industriais na cadeia automotiva e naval, entre outros setores que usam aço. São consumidas por ano, entre produtos comuns e especiais, cerca de 11 milhões de toneladas desse tipo de aço no país.
Essa é a área da siderurgia que ainda mostra melhor desempenho na demanda, na comparação com aços planos, e parece sofrer menos concorrência dos importados. O consumo aparente do país de produtos siderúrgicos longos, como vergalhões, barras, perfis e arames deve crescer entre 1,5% e 2% neste ano, conforme expectativa de empresários.
Considerado um forte competidor, grupo do México está de olho no expansão do mercado com Copa e Olimpíada.
As vendas de produtores do país no mercado interno são divididas atualmente entre Gerdau, com cerca de 45%, ArcelorMittal (39%), Votorantim (12%), Sinobrás (3%) e outros (2%).
O projeto do grupo mexicano Simec, conforme a agência estadual Investe São Paulo, está com as obras bem adiantadas e tem previsão de iniciar a produção por volta de fevereiro do próximo ano. Já a fábrica da CSN, dentro de sua usina de aço plano em Volta Redonda, deve ser inaugurada até o fim de setembro próximo e começar a produção comercial a partir de janeiro.
A Simec, por meio da controlada GV do Brasil, informou que está investindo R$ 1 bilhão. Localizada em uma região estratégica, logística e mercadologicamente, a fábrica prevê produzir 500 mil toneladas por ano de vergalhões, fio-máquina e barras para construção mecânica. O empreendimento foi anunciado em 2011. Segundo a agência, a siderúrgica vai gerar 750 empregos diretos na fase inicial da operação.
O projeto da CSN, com alguns anos de atraso, devido a problemas nas obras de construção, também tem investimento na faixa de R$ 1 bilhão e terá a mesma capacidade: 500 mil toneladas de vergalhões e fio-máquina por ano, conforme a empresa.
O grupo mexicano Simec, considerado um forte competidor nesse segmento de produção de aço, quer aproveitar a expansão da demanda no país proporcionada por obras da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, segundo o presidente da Investe São Paulo, Luciano Almeida. Procurados, os representantes da empresa no Brasil não quiseram conceder entrevista.
"A região do Vale do Paraíba possui localização estratégica. Está a 150 quilômetros da capital paulista, próximo da divisa dos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, do porto de Santos e do aeroporto de Guarulhos. Além disso, conta com excelente infraestrutura para escoar a produção e mão de obra qualificada", afirma Almeida.
A fábrica está sendo instalada em um terreno de 1,3 milhão de metros quadrados e a empresa já possui as licenças prévia e de instalação concedidas pela Cetesb (órgão ambiental paulista). O papel da agência, disse Almeida, foi ajudar na aquisição do terreno e no processo de implantação da unidade, como apoio na obtenção das licenças ambientais.
Em termos de incentivos fiscais e tributários, disse que foram oferecidos os "incentivos padrões" dados a qualquer empresa pelo governo paulista e a prefeitura, como o diferimento no ICMS (possibilidade de antecipar créditos da compra de equipamentos para o empreendimento).
Os mexicanos, segundo o presidente da Investe São Paulo, foram atraídos por outros fatores, como proximidade de portos para exportação, região com grande geração de sucata de ferro e aço (matéria-prima da fábrica) e disponibilidade de gás natural (apesar do elevado preço no Brasil) para uso nas linhas de produção.
Esse será o primeiro empreendimento do grupo mexicano fora da América do Norte. A Simec tem hoje unidades no México, Estados Unidos e Canadá. Começou fabricando aço em Guadalajara, no México, em 1969. Atualmente, o grupo é o maior produtor de aço estrutural e especial do país, com oito siderúrgicas locais. Nos Estados Unidos são cinco unidades; no Canadá, uma. O volume fabricado pela Simec soma 5 milhões de toneladas anuais e parte é exportada para vários países.
No mercado americano, a Simec é um dos concorrentes da Gerdau em aços especiais (para o setor automotivo), disse uma fonte do setor. Aqui, chega para competir também nessa área. Curiosamente, sua fábrica em Pindamonhangaba ficará próxima de uma unidade da Gerdau, que pertenceu no passado à Aços Villares.
Por Ivo Ribeiro/ Valor Econômico