Projetado para se tornar uma referência nacional em inovação tecnológica, com foco nos setores aeroespacial e de defesa, o Parque Tecnológico de São José dos Campos recebeu, no primeiro semestre, as duas maiores fabricantes de aviões do mundo. A americana Boeing e o grupo europeu Airbus (ex-EADS) anunciaram que vão se instalar no local. Além das duas multinacionais, as brasileiras Atech e Visiona, ambas pertencentes ao grupo Embraer, também definiram no primeiro semestre ter operações dentro do parque.
A Airbus planeja hospedar no parque algumas iniciativas de pesquisa do grupo no Brasil. "O centro de pesquisa e desenvolvimento que vamos instalar no parque será uma grande oportunidade para completar o arranjo industrial do grupo no Brasil", diz o diretor-geral da companhia no país, Bruno Gallard.
A ideia, segundo Gallard, é aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro para desenvolver produtos, serviços e tecnologias com visão global. "Ao invés de fazermos isso dentro das divisões do grupo fora do país, vamos concentrar o desenvolvimento dessas inovações aqui."
"A procura por áreas no parque continua intensa e temos várias negociações em andamento, seja com empresas grandes e já estabelecidas no Brasil, seja por parte de pequenas e médias companhias, que aguardam um espaço no novo centro empresarial, em fase de construção", explica o diretor do Parque de São José, Horácio Forjaz. As empresas Akaer e a Compsis, por exemplo, negociam com a prefeitura a concessão de áreas para suas expansões.
A Compsis já ocupa uma área de 400 metros quadrados e investiu R$ 400 mil para desenvolver equipamentos embarcardos em caminhões e sistemas que processam as informações desses equipamentos para clientes como montadoras, empresas de construção civil, de ônibus, entre outras. "É um trabalho baseado em inovação e o ambiente ao redor do parque tem essa sinergia, pelo fato de reunir várias empresas e instituições de tecnologia", afirma o presidente da Compsis, Ailton Queiroga. A intenção da empresa é concentrar, no parque, toda a área de engenharia, desenvolvida em outra unidade. "Até o fim deste ano devemos ter 80 engenheiros trabalhando no parque."
A Akaer, especializada no desenvolvimento de aeroestruturas, tem uma área reservada no local, onde pretende instalar a sede da empresa, informou seu presidente, César Augusto da Silva. Atualmente com 200 funcionários, a empresa está expandindo seu portfólio de negócios e investindo na área de engenharia de sistemas. "A nossa previsão é terminar 2013 com 300 funcionários", afirmou o executivo.
Primeiro parque a receber credenciamento definitivo pelo Sistema Paulista de Parques Tecnológicos, o empreendimento já atraiu investimentos totais de R$ 1,5 bilhão, sendo R$ 1,2 bilhão da iniciativa privada e R$ 440 milhões do setor público.
Em março, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação anunciou que a sede do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) ficará no parque, com investimento inicial estimado de R$ 50 milhões. O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) também pretende ter uma área no parque para instalar um centro de inovação, voltado para o desenvolvimento de produtos e tecnologias. O investimento previsto pode chegar a R$ 200 milhões.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) está instalando uma unidade no Parque Tecnológico voltada à formação de mão de obra para os setores aeroespacial e de defesa. O início da operação da nova estrutura está prevista para 2014 e o investimento a ser aplicado no projeto é de R$ 84 milhões. O Senai vai oferecer 5,8 mil vagas por ano e funcionará em uma área de 20 mil metros quadrados.
O parque possui cinco centros de desenvolvimento tecnológico (CDTs): aeronáutico, águas e saneamento ambiental, saúde, tecnologia da informação e energia. Além disso, são quatro instituições de ensino superior, incubadora de empresas e dois centros empresariais, sendo que um deles com 25 companhias e o outro em fase de seleção de mais 50. As empresas âncoras desses CDTs são a Embraer, Sabesp, Ericsson e Vale Soluções em Energia (VSE).
Por Virgínia Silveira/ Valor Econômico