As vendas de carros novos no país seguem aquecidas e caminham para, pela segunda vez no ano, fechar o mês acima de 300 mil unidades emplacadas, possivelmente cravando o melhor maio da história. Assim como já tinha acontecido no mês passado - o melhor abril de todos os tempos para as montadoras -, o mercado mostra um ritmo de mais de 14 mil automóveis e utilitários leves vendidos a cada dia útil.
Na média diária, os emplacamentos estão praticamente no mesmo nível, saindo de 14,4 mil carros, em abril, para 14,3 mil unidades neste mês. Um ano atrás, o número não passava de 13 mil por dia, o que levou o governo a anunciar o pacote de socorro às montadoras que permitiu ao setor inverter a tendência negativa e fechar 2012 com recorde de venda.
Analistas apostam em um volume próximo a 302 mil unidades neste mês, o que significaria superar maio de 2011 - até agora, o melhor resultado para o mês na história, com 300,5 mil carros emplacados. Se confirmada a previsão, o volume ficará em torno de 10% acima das fracas vendas do mesmo período de 2012. Por outro lado, maio, conforme as previsões, deve fechar cerca de 5% abaixo de abril, quando foram vendidos 317 mil carros. Porém, essa queda se deve ao calendário, já que, com dois feriados no mês, maio teve um dia útil a menos de venda.
Flávio Meneghetti, presidente da Fenabrave, a entidade que abriga as revendas de veículos, diz que os volumes de maio estão sendo surpreendentemente positivos, se levado em conta que o setor já vinha de um bom resultado em abril. Ele atribui o desempenho a campanhas promocionais das marcas, junto com o crescimento das vendas a frotas.
"Os fabricantes estão lançando todo tipo de promoção para manter o mercado em alta", afirma o executivo. Até a última segunda-feira (27), as vendas de maio somavam 257,4 mil carros.
Mas, mais do que o esforço de vendas por montadoras e concessionárias, o novo recorde da indústria tem sido puxado pela manutenção dos descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), combinada ao sucesso de lançamentos que agitaram o mercado de carros compactos a partir do último trimestre do ano passado, dizem especialistas.
A General Motors (GM), por exemplo, está ganhando neste mês a corrida com a Volkswagen e voltou a ocupar a segunda posição nas vendas - com 18,1% do mercado - no embalo da forte demanda pelo Onix, lançado há sete meses. Já a Hyundai voltou à quinta colocação no ranking, à frente da Renault. A marca coreana, puxada pelo fenômeno de vendas HB20 - quarto carro mais vendido do país -, mordeu 6,3% do mercado em maio, segundo os números preliminares fornecidos pela consultoria Oikonomia. A Fiat se mantém na liderança, com 23% das vendas. O balanço com resultados consolidados do mês será divulgado no início da semana que vem pela Fenabrave.
Os licenciamentos de automóveis e comerciais leves acumulam, neste ano, alta de 9%, mas a tendência é que o setor comece a diminuir o ritmo de crescimento. A partir de agora, as vendas passam a ser comparadas com alguns dos melhores resultados da história da indústria automobilística. Isso porque os incentivos anunciados pelo governo em maio do ano passado foram mais fortemente sentidos nos três meses seguintes.
A corrida dos consumidores às lojas para aproveitar benefícios como a isenção do IPI para automóveis populares geraram vendas de 1,1 milhão de carros entre junho e agosto de 2012. Nas contas de Raphael Galante, analista da Oikonomia, o mercado não conseguirá repetir esse número e ficará em 965 mil unidades em igual período de 2013, o que vai levar o desempenho no acumulado do ano para uma queda de 0,75%.
As projeções da consultoria para o desempenho do mercado neste ano - que ainda consideram um cenário restritivo nas liberações de crédito - vão de estagnação das vendas, em volume próximo ao de 2012, até uma retração de 2% nos emplacamentos. Já a LCA, outra consultoria que acompanha esse mercado, trabalha com a previsão de leve crescimento de 1% nas vendas em 2013. "O período de junho a agosto de 2012 constitui uma base de comparação muito elevada", afirma Rodrigo Nishida, analista da LCA.
Por Eduardo Laguna/ Valor Econômico