Cadeia automotiva mantém o otimismo em 2013

Mesmo com uma receita em 2012 menor que no ano anterior, indústria automotiva gaúcha aposta em cenário melhor em 2013

A indústria automotiva gaúcha mantém sua posição de relevância no mercado brasileiro e mundial. Em Caxias do Sul, município com mais de 450 mil habitantes, a 16 quilômetros de Porto Alegre, que abriga 31 mil estabelecimentos econômicos, sete mil empresas do setor industrial, das quais 2,6 mil são empresas do chamado polo metal-mecânico, a prefeitura contabiliza em 2012 uma arrecadação de R$ 1 bilhão em impostos. Pelo menos 50% desse montante é oriundo da cadeia automotiva, informa Alceu Barbosa Velho, prefeito da cidade.

"Nos últimos dez anos, Caxias do Sul aumentou sua população em 80 mil pessoas, praticamente o número de habitantes de uma cidade como a vizinha Farroupilhas. Nossa expectativa é que a população da cidade chegue a 700 mil pessoas em dois a três anos", diz Barbosa Velho.
 
As indústrias do polo metal-mecânico e automotivo respondem por um contingente de mais de 50 mil empregados e tiveram um faturamento de R$ 17,078 bilhões em 2012, de acordo com Getúlio Fonseca, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs). Foi uma receita menor do que a de 2011 (R$ 19 bilhões), muito por conta das crises econômicas na Europa e EUA, crescimento de produtos importados e a redução do nível de investimento público.
 
Mas a perspectiva é de um cenário mais otimista para 2013. As empresas continuam investindo - até 2015, a atividade receberá investimentos de R$ 33 bilhões em todo o país. Os fabricantes do setor automotivo apostam na manutenção do ritmo de expansão de suas produções - e na lucratividade sempre crescente. As projeções da Marcopolo, uma das maiores fornecedoras mundiais de carrocerias para ônibus, por exemplo, são de fechar as contas do ano passado com uma receita em torno de R$ 3,6 bilhões.
 
Nos últimos três anos, a Marcopolo executa um programa de investimentos de quase R$ 450 milhões para ampliar a produção de suas fábricas em Caxias do Sul e instalação de uma nova operação fabril, em São Mateus, no Espírito Santo, para produção de miniônibus da família Volare, destinada ao mercado externo. "A produção de ônibus vai saltar de 32 mil unidades, em 2012, para quase 37 mil unidades em 2013", diz Walter Cruz, gerente de estratégia e marketing da empresa.
 
A Agrale, que fabrica caminhões, chassis para ônibus, tratores e veículos utilitários, comemora os resultados obtidos em 2012: um faturamento de R$ 1,075 bilhão, com crescimento de 16,5% em comparação com 2011, afirma Flávio Alberto Crosa, diretor de vendas. A empresa aposta na inovação como forma de equilibrar eventuais quebras de demanda, observa o executivo.
 
Outra grande concentração está em Gravataí, município de 260 mil habitantes, a 22 quilômetros de Porto Alegre, onde a General Motors realiza investimentos em torno de R$ 1,5 bilhão para ampliar as instalações do seu complexo industrial. O Projeto Onix, como é denominado, vem sendo desenvolvido sob sigilo, e resultará, segundo Camilo Ballesty, diretor de operações de manufatura da GM em Gravataí, no lançamento de veículos de padrão mundial, complementares à linha de carros Celta e Prisma. Inaugurada em julho de 2000, a unidade gaúcha produz 930 veículos por dia, e conta com o apoio de uma cadeia de produção com cerca de 20 fornecedores locais de materiais.
 
A expansão dessas cadeias é uma das prioridades do governo estadual, segundo Maria Paula Melotti, coordenadora executiva do setor automotivo e implementos agrícolas da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI). A intenção é desenvolver projetos para melhoria da competitividade, especialmente no mercado internacional, e atração de novas empresas. Prevê ações em relação a deferimento de impostos para aumentar a competitividade, incentivos para incrementar o conteúdo local e programas de apoio à participação das empresas em feiras.