Jonny Motorcycles terá fábrica na Bahia no 2º semestre

Principal produto serão os ''sem-placa'', ciclomotores que rodam sem ser lacrados

 

No segundo semestre de 2013, a Jonny Motorcycles promete mudar sua condição de importadora para fabricante. Vai produzir em Camaçari (BA), onde ocupará um terreno de 150 mil metros quadrados. A capacidade inicial será de 85 mil unidades por ano, número bem maior do que as 583 Jonny emplacadas em todo o ano de 2012. 
 
“Vendemos 70 mil unidades à nossa rede de concessionárias no ano passado”, garante o diretor comercial e de marketing, Artemis Oliveira. Essa diferença entre emplacamentos e vendas no atacado tem um motivo: os principais produtos da Jonny são ciclomotores, modelos com até 50 centímetros cúbicos e muito acessíveis, a partir de R$ 3,5 mil. No Nordeste, seja por uma brecha no Código de Trânsito Brasileiro, seja por falta de fiscalização, a maioria dos ciclomotores é de "sem-placa", ou seja, não é lacrada. E 45 das 60 revendas Jonny estão no Nordeste.
 
A empresa tem hoje oito produtos e três deles usam motores de 50 cc. O início da montagem local será com dois destes modelos, o Hype 50 e o New Hype 50. A fábrica será custeada pelos atuais importadores, Bruno Burani e Eduardo Oliveira. A empresa, contudo, não informa dados importantes, como o tamanho do investimento e área a ser construída.
 
As motos são feitas por mais de um fornecedor chinês. Virão parcialmente desmontadas. O motor será trazido inteiro. O índice de nacionalização inicial não foi informado. “Vamos injetar plásticos”, promete Oliveira. “Haverá 98 empregos diretos num primeiro momento.” O atual centro de distribuição de peças, que fica em Simões Filho (BA), será transferido para as instalações de Camaçari. 
 
Fora de Manaus
Desde o segundo semestre de 2012, parte das motos importadas teve elevada sua alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). No caso dos ciclomotores, essa alíquota foi elevada de 15% para 35%. As empresas de Manaus vibraram com a decisão. Segundo a Abraciclo, que reúne fabricantes do setor, esses modelos responderam por 75% das importações de motos em 2011. 
 
Nacionalizar esses produtos fora da Amazônia não isentará a Jonny dessa tributação, embora o executivo da Jonny acredite na mudança desse panorama: “Não faz sentido fazer algo no Brasil que beneficie de forma tão aviltante um único lugar.” 
 
Também de olho no mercado dos ciclomotores e motos de baixa cilindrada, a Shineray erguerá uma fábrica em Suape (PE). A chinesa Jialing, que se estabeleceu como Traxx em 2002 em Fortaleza, também ganhou o mercado nordestino com um produto de 50 cc. Esta, no entanto, optou por erguer sua fábrica em Manaus, inaugurada em 2007.
 
Para aproveitar esse filão dos "sem-placa", Dafra e Kasinski também produzem versões de 50 cc de produtos que estrearam com motores de 100 cc.
 
Por Mário Curcio/ Automotive Business