Notícias
Os defeitos em linha são imperfeições em uma estrutura cristalina nas quais uma linha de átomos tem uma estrutura local que difere da estrutura circunvizinha.
Os defeitos de linha são extrínsecos: sua presença não é necessária por razões termodinâmicas
em uma porção de material de 10 cm3 (cerca do tamanho de um dado de seis lados), haverá aproximadamente 1017 átomos que pertencem a defeitos de linha!
Veremos que os defeitos em linha, que são chamados discordâncias, têm uma forte influência sobre as propriedades mecânicas dos metais e de alguns cerâmicos.
A figura abaixo mostra a curva tensão-deformação, obtida de um ensaio de tração, de um monocristal típico de magnésio, orientado de forma que o plano basal forme um ângulo de 45º com o eixo da tensão. Ao ser atingida uma tensão de tração muito baixa, de cerca de 0,70 MPa, o cristal escoa plasticamente e então se alonga com facilidade até se tornar uma tira que pode ser quatro ou cinco vezes mais longa que o cristal original.
Se a superfície do cristal deformado for examinada, pode-se observar marcas que circundam a amostra, de maneira aproximadamente contínua, com o formato de elipse. Quando observadas com grande aumento, essas marcas revelam-se como as manifestações visíveis de uma série de pequenos degraus formados na superfície. Evidentemente, em decorrência da aplicação da força, o cristal foi cisalhado em vários planos paralelos. Além disso, a análise cristalográfica das marcas, mostra que esses planos são os basais (0002), ou seja, os planos mais compactos do cristal. Quando ocorre esse tipo de deformação, diz-se que o cristal sofreu "escorregamento"; as marcas visíveis na superfície são chamadas de linhas de escorregamento, e o plano cristalográfico no qual ocorreu o cisalhamento é chamado de plano de escorregamento.
A tensão de cisalhamento correspondente ao início da fase plástica em um monocristal é surpreendentemente pequena quando comparada à resistência ao cisalhamento de um cristal perfeito (calculada em termos de forças coesivas entre os átomos).
Em outras palavras, o cristal se deforma plasticamente com tensões 1/10.000 de sua resistência teórica. Analogamente, os cristais reais de outros metais se deformam sob tensões que são frações pequenas de suas resistências teóricas (1/1.000 a 1/10.000).
A explicação para a discrepância entre os limites de escoamento calculado e real reside no fato de que os cristais não são perfeitos, pois contem defeitos, sendo que as discordâncias são o tipo de defeito responsável por este fato.
Consideremos agora o semiplano extra que está dentro do cristal. Um exame da figura abaixo (esquema tridimensional de uma discordância em aresta) mostra claramente que o cristal está distorcido onde o semiplano atinge o plano de escorregamento.
Pode-se também deduzir que a distorção diminui de intensidade quando se caminha em sentido oposto à aresta do semiplano, porque a grandes distâncias dessa aresta, os átomos tendem a rearranjar-se como em um cristal perfeito. A distorção do cristal é, pois, centrada em torno da aresta do plano extra.
A figura abaixo ilustra como uma discordância se move através do cristal, sob a aplicação de uma tensão de cisalhamento. Pela aplicação da tensão, o átomo c pode mover-se para a posição c' indicada na figura. Se isso acontecer, a discordância mover-se-á de uma distância atômica para a direita. A contínua aplicação da tensão levará à movimentação da discordância em etapas repetidas. O resultado final é que o cristal é cisalhado no plano de escorregamento de uma distância atômica.
Cada etapa do movimento da discordância, requer somente um pequeno rearranjo de átomos nas vizinhanças do plano extra. Resulta disso que uma força muito pequena pode mover uma discordância. Cálculos teóricos mostram que essa força é de ordem de grandeza compatível para justificar os baixos limites de escoamento dos cristais reais.
Veja a animação do deslocamento em linha
O movimento de uma discordância através de todo o cristal produz um degrau na superfície do mesmo, cuja profundidade é de uma distância atômica. Como uma distância atômica em cristais metálicos é da ordem de alguns ângstrons, esse degrau evidentemente não é visível a olho nu. Muitas centenas ou milhares de discordâncias devem movimentar-se em um plano de escorregamento para que seja produzida uma linha de escorregamento visível.
Além das discordâncias em aresta, existem as discordâncias em hélice ou helicoidais.
A designação 'hélice' para esse defeito do reticulado deriva do fato de que os planos do reticulado do cristal formam uma espiral na linha da discordância.
Gostou? Então compartilhe:
Notícias relacionadas
Faça seu login
Ainda não é cadastrado?
Cadastre-se como Pessoa física ou Empresa