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Gladis Costa    |   11/07/2016   |   Marketing e Comportamento   |  

Manufatura Avançada: o desafio da indústria nacional

O Brasil está se preparando para adotar a Manufatura Avançada, mais conhecida como 4ª Revolução Industrial. Será que estamos prontos?

Se a gente tiver apenas alguns minutos para falar sobre Manufatura Avançada, podemos dizer que ela cria fábricas inteligentes, conectando máquinas, sistemas e pessoas ao processo produtivo, através da integração do mundo físico e virtual e traz benefícios como redução de custos, utilização eficiente de recursos, redução de erros, tomada de decisão otimizada e atendimento a requisitos personalizados. Mas isto é só um resumo.

Manufatura Avançada, também conhecida como Indústria 4.0, Indústria do Futuro ou Fábrica Inteligente, é a 4ª Revolução industrial e somos testemunhas deste momento épico para a produtividade e melhoria do país nos rankings globais. O IMD, que publica o Índice de Competitividade Anual (Competitiveness Yearbook – WCY), mostra que das 61 economias analisadas, o Brasil se encontra na posição número 57, perdendo apenas para a Croácia, Ucrânia, Mongólia e Venezuela. O país caiu uma posição em relação a 2015 e tem apresentado quedas sucessivas nos últimos seis anos. A manufatura avançada pode reindustrializar o país, na medida em que acelera a produtividade, agrega inovação e eficiência - vetores de crescimento e competitividade.

 A 1ª Revolução, no século 18, literalmente movida à máquina a vapor, teve como resultado a mecanização da produção; a 2a., no século 19, teve como protagonistas a energia elétrica e a produção em massa; a 3a., na década de 70, foi caracterizada pelo uso intensivo de TI e eletrônica para automação da produção. No entanto, mesmo com todos os processos e tecnologias agregadas ao setor desde então, especialistas dizem que o Brasil ainda se encontra na fase 2.0 do processo. Segundo estes estudiosos, há muitos chãos de fábrica a serem oficialmente apresentados a robôs – “nossas máquinas são muito antigas, precisam ser trocadas e não adaptadas”, costumam dizer, mas há quem afirme que, apesar dos desafios, o "Brasil pode acessar o nível 4.0 do jogo, se houver uma política industrial consistente, melhorias no ambiente de negócios, atualização do currículo acadêmico e capacitação profissional. O país precisa de inovação."


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Na manufatura avançada a indústria faz uso de várias tecnologias como soluções de CAE/CAD/CAM e PLM, digitalização da linha de produção, big data, robôs colaborativos, RFID, QR-code, mecatrônica, cloud computing, IoT, realidade virtual, impressão 3D, monitoramento e controle remoto da produção, para citar algumas. Para entender como o mercado interage com estas ferramentas, a CNI, Confederação Nacional da Indústria,  conduziu uma pesquisa inédita, disponível no link http://goo.gl/XjK4WX, na qual foram ouvidas 2225 empresas de vários portes no país. O objetivo era identificar quais tecnologias eram utilizadas e o nível de adoção em diferentes estágios da cadeia industrial, como aquelas ligadas a processo, desenvolvimento (redução do time-to-market) e produto/novos modelos de negócios. A pesquisa revelou que muitas empresas estão familiarizadas com estas tecnologias e até utilizam algumas; outras não conseguem identificar quais poderiam impulsionar a competitividade da empresa, talvez falte informação, mas o cenário começa a mudar.

Para tangibilizar o conceito, a Abimaq -  Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos - liderou um projeto que envolveu mais de 22 empresas e 150 profissionais do mercado acadêmico, governo e iniciativa privada, com o objetivo de criar o primeiro Demonstrador de Manufatura Avançada do país, apresentado ao mercado durante a Feimec - Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos, em maio deste ano. O projeto criou uma fábrica inteligente, capaz de desenvolver uma linha de produção de acessórios personalizados, com funcionalidades de porta lápis e porta celular, utilizando os conceitos da Manufatura Avançada através da integração de modernos recursos de automação industrial.

O projeto demonstrou, ao mesmo tempo, desafios e oportunidades para o mercado em geral. Há muito espaço para crescimento, há muito a ser feito.  Admirável mundo novo da manufatura! Parece até aquela história do vendedor de sapatos.

"Nós temos condições, o momento é favorável, então por que não apostar nisso para darmos o salto tecnológico de que tanto precisa nossa indústria?"

João Alfredo Delgado, Diretor de Tecnologia da Abimaq    

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
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Gladis Costa

Gladis Costa é profissional da área de Comunicação e Marketing, com vivência em empresas globais de TI. É fundadora do maior grupo de Mulheres de Negócios do LinkedIn Brasil, que conta com mais de 6200 profissionais. Escreve regularmente sobre gestão, consumo, comportamento e marketing. É formada em Letras, e tem pós graduação em Jornalismo, Comunicação Social e MBA pela PUC São Paulo. É autora do livro "O Homem que Entendia as Mulheres", publicado pela All Print.


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