Um memorando de entendimento para criação de uma joint venture com a anglo-italiana AgustaWestland poderá significar a entrada da gigante brasileira Embraer em um novo setor: a fabricação de helicópteros. O objetivo da parceria é produzir localmente aeronaves tanto para o mercado brasileiro quanto para exportação para a América Latina.
De acordo com a Embraer, a joint venture tem a meta de atender a mercados distintos, como defesa, transporte de executivos e de funcionários de empresas com atividades em alto-mar, como a Petrobras e outras companhias do setor de óleo e gás.
A Embraer não é a única empresa a investir na fabricação de helicópteros no País. A Helibrás, controlada pelo grupo aeronáutico EADS, proprietário da Airbus e da Eurocopter, está desenvolvendo o primeiro helicóptero nacional até 2025.
A empresa inaugurou uma fábrica em Itajubá (MG), em outubro passado, para produzir o modelo militar EC 725, da Eurocopter. O projeto, que consumiu investimentos de R$ 420 milhões, só saiu do papel graças a uma compra de aeronaves feita pelo governo federal.
O governo comprou 50 unidades EC725 para as Forças Armadas, por € 1,9 bilhão. Em contrapartida, a fabricante europeià se comprometeu a garantir um índice mínimo de nacionalização de peças de 50% e a transferir a tecnologia da produção do helicóptero ao Brasil.
Embora a Embraer não tenha divulgado detalhes de suas intenções, o escopo de mercado da parceria com a AgustaWestland seria mais aberto do que o da Helibrás. Segundo comunicado divulgado pelas companhias, estudos preliminares mostram que existe no País potencial para a venda de helicópteros bimotores, de capacidade média, para atender principalmente à demanda do setor de óleo e gás.
O comunicado diz também que a área de defesa - beneficiada pelas compras governamentais - também mostra potencial na América Latina. Embora não tenham definido uma data para a oficialização da joint venture, a Embraer e a AgustaWestland, controlada pelo grupo italiano Finmeccanica, dizem esperar que as negociações sejam concluídas nos próximos meses.
Novo mercado
Caso o negócio saia do papel, a joint venture representará a entrada da Embraer em um novo segmento. A brasileira afirma, no entanto, que a fabricação de outros tipos de aeronaves ao longo dos últimos 40 anos, tanto no setor de defesa quanto no de transporte de passageiros, credenciaram a empresa para a realização de boa parte das atividades que a produção de helicópteros exige. "Este é um passo importante na continuidade da expansão do nosso negócio", disse Frederico Curado, presidente da Embraer, em nota divulgada ontem (21).
A exemplo do que ocorreu na parceria com a Helibrás, a parceria com a AgustaWestland também servirá para nacionalizar uma tecnologia que não existe no País. "A Embraer está sempre avaliando oportunidades na indústria aeronáutica que também incluam transferência de tecnologia", afirma a companhia, que classifica a fabricação de helicópteros como um "nicho estratégico".
Por Fernando Scheller/ O Estado de S. Paulo