A divergência entre a atividade industrial negativa em 2012 e o aumento da massa salarial e do rendimento médio deixa clara uma das dimensões da baixa competitividade da indústria, apontou o gerente-executivo de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco. “O desempenho produtivo não é favorável, mas os salários crescem”, disse.
Segundo o economista, enquanto a produção do setor caiu entre janeiro e novembro de 2012, a pressão de custos, da qual os salários fazem parte, cresceu. “Essa pressão explicita uma das dimensões da baixa competitividade que temos ao enfrentar concorrentes internacionais”, disse Castelo Branco.
Entre janeiro e novembro de 2012 as horas trabalhadas e o emprego, indicadores de atividade, caíram 1,5% e 0,2% respectivamente. Já a massa salarial real e o rendimento médio real, corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), cresceram 5% e 5,2%.
O crescimento dos rendimentos dos trabalhadores da indústria resulta da situação do mercado de trabalho, que apresenta nível de desemprego em seu mínimo histórico (4,9% em novembro). “Isso se reflete nos níveis salarias do mercado como um todo”, disse.
Mas essa é apenas uma das pressões de custo que sofrem os produtos industriais brasileiros, afirmou o economista, que citou ainda problemas de logística, burocracia e tributários.
Por Lucas Marchesini e Thiago Resende/ Valor Econômico