O Brasil vai permanecer como importante foco de atração para o investimento estrangeiro nos próximos 12 meses. Pelo menos 21% das companhias globais planejam investir em diferentes áreas da economia brasileira. Os mais interessados em ampliar a presença no país são os espanhóis, os americanos e os argentinos, segundo o Relatório Internacional de Negócios 2012 (IBR, na sigla em inglês), divulgado pela empresa global de consultoria Grant Thornton.
O relatório mostra que os países emergentes continuam no topo da lista de preferências dos grandes conglomerados internacionais na hora de elaborar a estratégia de investimentos. Com os problemas econômicos enfrentados pela Europa, Estados Unidos e Japão, os emergentes, mesmo não deixando de sofrer o impacto da crise nos países desenvolvidos, ainda aparecem como melhor alternativa.
De acordo com as empresas ouvidas pela pesquisa feita entre março e setembro do ano passado - mais de 6 mil de todos os setores industriais - 57% planejam investir em pelo menos um das cinco principais economias emergentes (China Índia, Brasil, Rússia e México).
A China, sozinha, será o destino de recursos de 31% das empresas. No conjunto da Europa Ocidental, são 38% os interessados. Nos Estados Unidos e no Canadá, combinados, 33%.
Paulo Sergio Dortas, sócio-diretor da Grant Thornton do Brasil, onde foram entrevistados cerca de 300 empresários, "o atual nível de interesse dos investidores no Brasil é um dado positivo, mas a situação não pode ser considerada confortável, por causa do baixo crescimento do PIB no terceiro trimestre das projeções de inflação em alta".
Segundo Dortas, chama atenção a "forte concorrência" que o Brasil começa a sofrer, como ponto de atração de investimentos, de outros países latino-americanos, como México, Peru e Chile, que, segundo ele, apresentam atualmente uma economia mais equilibrada.
"Dependendo da evolução dos indicadores econômicos brasileiros nos próximos meses, poderemos ver alterações nas intenções de investimento das empresas globais nos próximos estudos", prevê Dortas.
Na pesquisa, o Brasil se destacou como polo de intenções de ampliação de investimentos devido às obras de infraestrutura, em função da Copa do Mundo de futebol, em 2014, e dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, da exploração de petróleo na camada do pré-sal e do crescimento da capacidade de consumo da nova classe média brasileira. "São os setores que podem se beneficiar desses três fatores os mais interessados em investir no país no próximo período", diz o diretor da Grant Thorton.
Se as empresas, em nível global, apostam na estratégia de levar seus investimentos para os emergentes no futuro próximo, a confiança demonstrada internamente pelos empresários desses países no próprio negócio se mostra ainda mais forte. Segundo o relatório, 34% das empresas das principais economias emergentes (Brasil, China, Índia, Rússia e México) se mostram otimistas em relação aos negócios nos próximos 12 meses, enquanto nos países definidos como "maduros" (França, Alemanha, Japão, Reino Unido e Estados Unidos), apenas 3% demonstram a mesma confiança.
Nos países emergentes, 79% das empresas projetam faturar mais nos próximos 12 meses e 68% acreditam que os lucros também serão maiores. Esses números são bem mais modestos entre os empresários "maduros": 35% e 19%, respectivamente. O que ajuda a explicar por que, na lista dos dez países mais otimistas, de acordo com o relatório da Grant Thorton, oito sejam emergentes, entre eles o Peru (91% das empresas projetam resultados melhores no próximo período), Chile e México (78% nos dois países), Índia (68%) e Brasil (66%).
Também como parte do relatório global, a consultoria divulgou o Índice de Oportunidades nos Mercados Emergentes, ranking das 27 maiores economias emergentes, de acordo com o potencial de atração de investimentos. O ranking leva em consideração indicadores como tamanho da economia, população, riqueza, envolvimento no comércio global, perspectivas de crescimento e níveis de desenvolvimento.
No índice, a China permanece na liderança, devidos às taxas de crescimento e ao grande mercado consumidor. A Índia, que aparece em segundo, se beneficia das projeções de forte crescimento no médio prazo, além de, assim como a China, contar com grande população, potencial mercado para o futuro. A Rússia aparece em terceiro lugar, destacando-se pelo elevado PIB per capita e pelas exportações, principalmente de commodities.
O Brasil subiu uma posição em relação ao índice de 2010, passando o México e assumindo a quarta posição, graças ao forte crescimento do PIB registrado em 2010 e 2011. Turquia e Indonésia, completam a relação dos sete primeiros, que segundo informa a pesquisa, deverão responder por 45% do crescimento global nos próximos cinco anos.
Por Arthur Pereira Filho/ Valor Econômico