Lá se vai 2012, um ano de algumas frustrações para a economia brasileira, principalmente no que se refere ao crescimento econômico, que não deve atingir nem 1%, ante uma expectativa inicial de 4% a 4,5%. Mas como será 2013? A doença do baixo crescimento vai continuar a sufocar a economia?
Para o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, 2012 foi um ano extremamente importante para o futuro da economia brasileira. "A recuperação de taxas mais vigorosas de crescimento do PIB já está em curso e isso ficará claro em 2013. Mas o mais importante é que estão fixadas as bases para que o Brasil tenha taxas elevadas de crescimento por muitos anos, melhorando o emprego, a renda e diminuindo as desigualdades que subsistem em nosso país", argumenta.
Segundo Carlos Pereira, professor titular na Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o grande desafio do atual governo para os próximos dois anos é reiniciar as reformas estruturais orientadas para manter, ou mesmo para acelerar, o país em sua rota de desenvolvimento. "É importante reconhecer que, embora apresente um viés estatizante e em alguns momentos intervencionista podendo eventualmente levar a retrocessos institucionais, o governo tem se esforçado em tentar reverter problemas e políticas pontuais, como por exemplo, diminuir impedimentos à realização de investimento privado em infraestrutura", defende Pereira.
Para o economista da USP Fernando Sampaio, o setor de bens de capital liderará a retomada da indústria em 2013. De uma queda de produção próxima de 10% em 2012, ele deverá passar a uma alta da ordem de 25%. "As projeções correspondem a uma expansão de 3,9% da indústria geral em 2013. Como grande parte dessa alta seria carregamento estatístico, o que prevemos é uma recuperação gradual, com crescimento médio mensal, sobre o mês precedente, de 0,2%", avalia Sampaio.
O economista Jim O"Neill está otimista com as perspectivas para a economia brasileira, apesar do fraco desempenho registrado pelo Produto Interno Bruto (PIB) desde a segunda metade de 2011. Criador do conceito do Bric (o grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China), ele aposta que o país vai crescer 4% ou mais no ano que vem, embalado pelas mudanças na política monetária e na política fiscal e por uma taxa de câmbio menos valorizada.
Para ele, "o Brasil cresce em alguns anos abaixo da sua tendência, provavelmente hoje na casa de 4%, e acima disso em outros. Eu espero que crescimento se acelere com força em 2013 e 2014, chegando talvez até mesmo próximo de 5%". O"Neill lembra que em 2001, 2002 e 2003, o Brasil cresceu 1,3%, 2,7% e 1,1%, pela ordem, e então avançou a um ritmo bem mais significativo de 2004 a 2008, quando a média ficou em 4,8% ao ano.
Economia chinesa
O pai do Bric traça um quadro favorável para a economia chinesa. Ele diz que a desaceleração da China se deveu a um motivo bastante simples - as autoridades do país induziram deliberadamente uma diminuição da velocidade de expansão do PIB, para buscar um avanço mais sustentável e de melhor qualidade. Em vez dos dígitos que se tornaram comuns na década passada, a expectativa para 2013 é de um crescimento na casa de 8%, mas com sinais de que o consumo privado lidera a retomada - as exportações e o investimento devem ter um papel menor. Para O"Neill, é uma boa notícia. Sugere que a China está reequilibrando a sua economia. No entanto, isso traz consequências diferentes para os diversos tipos de commodities. O quadro é menos favorável para os produtos básicos pesados e para o petróleo, e mais positivo para os agrícolas.