Após um ano de baixa produção e de retração nos investimentos, a indústria mineira se prepara para um 2013 não muito diferente. Aquisição de equipamentos, expansão dos negócios e ampliação expressiva do quadro de funcionários são projetos que deverão sair da gaveta, na melhor das hipóteses, somente no início de 2014, conforme análise de representantes do setor.
Segundo o economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Paulo Casaca, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que serve como um termômetro para os aportes do segmento produtivo, segue em queda. Enquanto em 2011 as inversões representaram 19,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, neste ano elas devem chegar a 17,4%.
E a tendência é que alcancem, no máximo, 18% em 2013, percentual ainda inferior ao do exercício passado. "Em 2014, a situação deve melhorar no que se refere a investimentos, uma vez que será o ano da Copa do Mundo e os empresários vão ficar mais otimistas", afirma.
E o principal motivo para que a indústria não receba grandes aportes já em 2013 é o fato de os reflexos, tanto positivos quanto negativos, ecoarem mais lentamente na atividade. Essa realidade pode ser explicada por vários fatores.
Um deles é o fato de as encomendas realizadas em um semestre só serem atendidas em média seis meses depois, em decorrência do período de produção. Além disso, quando há uma melhora no mercado, os industriais ainda têm opção de desovarem estoques, o que não altera a realidade do setor produtivo no curto prazo.
Segundo o diretor regional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Marcelo Veneroso, o setor, que é outro termômetro da economia, não enxerga um cenário muito positivo em 2013. "Vamos permanecer com investimentos retraídos porque ainda temos uma capacidade ociosa a ser eliminada antes que a capacidade produtiva seja ampliada", explica.
Como exemplo, o diretor cita números da entidade. Segundo a associação, o uso da capacidade instalada no setor fechou 2011 em 85%, percentual que caiu para 70% neste ano. Uma maior demanda por máquinas deverá melhorar um pouco a situação, mas não o suficiente para promover o retorno dos investimentos.
Mecânicas
Nas indústrias mecânicas mineiras as projeções também não são otimistas. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria Mecânica do Estado de Minas Gerais, Petrônio Machado Zica, a produção neste ano está nos mesmos patamares dos registrados em 2008, quando eclodiu a crise econômica mundial.
Para este exercício, ele espera uma redução de, aproximadamente, 15% na produção frente a 2011. "E 2013 não vai ser de recuperação porque já vamos entrar com uma carteira de pedidos baixa. Investimentos então, estão fora de cogitação", afirma.