PIB do Brasil fica mais atrelado ao ritmo chinês

A importância da China para o crescimento do Brasil aumentou nos últimos anos.

 

Economistas discutem o tamanho dessa dependência, mas, em sua maioria, concordam que ela tem contribuído para o desempenho econômico fraco do país agora que a expansão do gigante chinês - principal parceiro comercial do Brasil - perde fôlego.
 
Analistas da Pimco (uma das maiores administradoras de fundos de investimento do mundo) veem um peso grande no desempenho da China para o Brasil. Segundo seus cálculos, o impulso que a expansão econômica chinesa é capaz de dar ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro aumentou mais do que 20 vezes em anos recentes.
 
Entre 2005 e 2007, cada ponto percentual de mudança do PIB chinês afetava o desempenho da economia brasileira em apenas 0,1 ponto percentual. Mas esse número teria aumentado nos últimos anos e atingido 2,4 pontos percentuais entre o segundo trimestre de 2011 e o mesmo período deste ano.
 
Segundo Lupin Rahman, gestora da Pimco, isso quer dizer que, em um cenário hipotético em que a China cresça 7% ao ano e o Brasil 3%, caso a expansão chinesa acelere para 8%, a brasileira tenderia a saltar para 5,4%. Esse peso da China seria muito maior hoje, segundo a Pimco, do que o do resto do mundo. Mas Lupin faz a ressalva de que essas relações são o retrato de um momento e podem mudar com o tempo.
 
Há analistas que acham que o efeito das mudanças do PIB chinês sobre a economia brasileira não é tão alto como o capturado pelos cálculos da administradora de recursos. Mas, ainda assim, estimam algum impacto.
 
O economista Cláudio Frischtak, sócio da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios, calcula que a desaceleração da China da média de 10% entre 2000 e 2011 para 7,4% tenha subtraído cerca de 0,4 ponto percentual da expansão do Brasil. "Acho que o crescimento seria mais próximo de 2% neste ano do que de 1,5% se a China não estivesse passando por essa desaceleração".
 
China versus EUA
Tony Volpon, diretor da corretora Nomura, calculou a importância do desempenho da China e dos EUA para o Brasil (com base na correlação entre as variações dos PIBs dos dois países). O economista concluiu que o crescimento da China é, hoje, três vezes mais importante para a economia brasileira do que a expansão dos EUA. "A importância da China para a economia brasileira é, sem dúvida, alta", diz.
 
Michael Shaoul, presidente da empresa gestora de recursos Marketfield Asset Management, concorda. "A razão pela qual o México está indo melhor que o Brasil neste ano é que o México tem uma economia vinculada aos EUA e o Brasil está mais conectado à China".
 
Por Érica Fraga/ Folha de S. Paulo

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