A Navistar confirmou que deixará de fabricar os caminhões International na Serra Gaúcha, em Caxias do Sul, onde desde 1999 aluga linha de produção da Agrale para esse fim. A produção será transferida para a planta de Canoas, vizinha à capital gaúcha Porto Alegre, no mesmo lugar em que a Navistar mantém sua fábrica de motores diesel, comprada em 2002 da Maxion. Não foi informado, contudo, em quanto tempo a transferência vai acontecer, nem se isso anula o projeto de uma outra unidade que estava nos planos.
Até agora a empresa emitiu apenas um comunicado sobre a mudança: “A Navistar anuncia um novo formato de parceria com a Agrale para montagem dos caminhões International. Estará transferindo sua operação para a unidade industrial de Canoas, passando a operar em suas próprias instalações. A Agrale continuará a dar suporte à Navistar nesta transição, para que o processo aconteça de forma absolutamente tranquila e com total aproveitamento da mão de obra.” Os funcionários que trabalham na linha de montagem em Caxias foram convidados a se transferir para Canoas, segundo a imprensa local.
A Navistar não divulgou tamanho e capacidade da nova linha de montagem, nem o investimento. Em 2010 a empresa voltou a vender no mercado nacional os caminhões International que, desde 2000, montava na Agrale de Caxias só para exportação. Além do pesado 9800i, passou a produzir lá também o semipesado DuraStar. Para isso, a linha recebeu investimento de US$ 30 milhões e elevou seu potencial produtivo para 20 unidades/dia, ou cerca de 5 mil a 6 mil/ano. Ao mesmo tempo, a Navistar havia anunciado que investiria US$ 200 milhões em cinco anos para construir uma nova fábrica de caminhões no País, que começaria a produzir em 2013 com capacidade de 20 mil a 25 mil unidades/ano.
Com a transferência para Canoas, os movimentos da Navistar no País ficaram confusos. Como não foi detalhado o projeto, não fica claro se esta será a unidade onde serão investidos os US$ 200 milhões ou se houve redução do plano de investimento para uma linha de menor capacidade, a ser acomodada dentro do espaço da planta de motores. O fato é que o plano não era bem esse. “Essa fábrica (da Agrale em Caxias do Sul) é muito conveniente e competitiva. Não pensamos em desativar essa operação nem mesmo quando construirmos a nova fábrica”, disse o presidente da Navistar South America, Waldey Sanchez, em entrevista a Automotive Business há cerca de um ano, durante a Fenatran. Ao que tudo indica, os planos mudaram.
Na época, Sanchez também reafirmou que a Navistar pretendia fabricar no País uma linha completa de modelos de caminhões pesados, médios e leves, com possível aproveitamento de projetos de associações que a empresa já mantém na China com a JAC e na Índia com a Mahindra. Para isso, seria necessário espaço de produção maior do que o existente em Caxias. Não é sabido se Canoas tem essa capacidade.