Os recursos previstos para pesquisa e desenvolvimento no setor de óleo e gás no Brasil somarão mais de R$ 26 bilhões nos próximos dez anos, segundo estudo divulgado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a Agência Estado. O estudo faz parte de uma série divulgada pelo BNDES com perspectivas para a indústria e a infraestrutura brasileiras.
A estimativa é conservadora, já que considera apenas campos sob concessão que pagam participação especial e exclui o montante que virá dos contratos de partilha do pré-sal - o primeiro leilão será em um ano.
Porém, o estudo destaca que o crescimento significativo dos recursos para inovação é acompanhado por desafios. O Brasil tornou-se o principal mercado do mundo para exploração em água (offshore) e este é o setor que mais investirá no País.
Apoio
Mas faltam novos mecanismos de apoio, instrumentos de financiamento e políticas de desenvolvimento da indústria para que o País acompanhe a mudança trazida pelo pré-sal.
Hoje, uma empresa que desenvolve tecnologia de ponta corre o risco de não conseguir lançar o produto comercialmente por falta de mecanismos de apoio. Outras, novas entrantes responsáveis por tecnologias de ruptura, carecem de estruturas de financiamento. O banco explica que, por seu caráter totalmente inovador, os projetos dessas empresas podem tanto levar a grandes lucros quanto não apresentar resultados. Sem financiamento específico para o risco envolvido, a indústria não vai à frente. Esse cenário precisará mudar, na avaliação do banco.
A formação de conglomerados tecnológicos e o foco em áreas em que o Brasil já mostrou vocação também são sugestões do estudo para que empresas nacionais deixem o segundo plano na área de tecnologia, hoje dominada por estrangeiras.
São recursos de P&D como estes que, no passado, tornaram possível a Petrobrás ser referência mundial em exploração em águas ultraprofundas, onde condições extremas de temperatura e pressão demandam tecnologia de ponta e específica.
Pela primeira vez neste ano, os recursos em P&D ultrapassarão o patamar de R$ 1 bilhão, quase o dobro de sete anos atrás. Também a partir de agora, a Petrobrás perde a exclusividade no financiamento das pesquisas no setor, com novas petroleiras entrando na área. Em dez anos, elas responderão por cerca de 20% dos investimentos.
"As descobertas de acumulações gigantescas de óleo e gás na camada pré-sal e a perspectiva de elevado crescimento da produção nacional desses insumos nos próximos anos transformaram o cenário do setor de P&G (petróleo e gás natural) no Brasil", dizem os autores Ricardo Cunha, André Amaral e Bruno de Araújo, do Departamento da Cadeia Produtiva de P&G da Área de Insumos Básicos do BNDES.