Ministro não "vislumbra" novos incentivos à indústria

Pimentel acredita que com os sinais de recuperação da indústria brasileira, não serão necessárias medidas profundas de incentivo

Os sinais de recuperação da indústria brasileira indicam que podem ser desnecessárias medidas "tão profundas" quanto os incentivos à indústria criados pelo governo no início do ano, afirmou o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, no programa de rádio "Bom Dia Ministro". Pimentel disse que, neste ano, não se "vislumbram" novos incentivos à indústria, mas que ainda dependerá do Ministério da Fazenda a avaliação final sobre a concessão de estímulos à economia.

"O quadro do fim do ano será bem mais positivo que no começo do ano, quando medidas de incentivo foram adotadas", disse o ministro. "Nem estou dando aviso, só quis advertir para o fato de que o quadro mudou e mudou para melhor". Durante o programa, Pimentel disse ser "muito positivo" o resultado dos levantamentos do IBGE sobre a produção industrial de agosto, que identificou crescimento em 9 dos 14 setores pesquisados e aumento, no total, de 1,5%.
 
A taxa de crescimento prevista para o último trimestre do ano será equivalente a "4% ou mais" em 12 meses, prevê o ministro. "A indústria está dando sinais claros de recuperação", afirmou. "Estamos muito satisfeitos com o desempenho da indústria nos últimos dois meses e no próximo trimestre." O Brasil vai crescer no próximo ano acima da média mundial e manter o pleno emprego, com inflação sob controle, disse.
 
O ministro disse não poder confirmar a expectativa que o governo prorrogará a redução do IPI para automóveis, que se extinguirá no fim de outubro, uma decisão que caberá ao ministro da Fazenda, Guido Mantega. A prorrogação é considerada no governo muito provável, já que houve queda nas vendas em setembro e, em janeiro, entra em vigor o novo regime automotivo, com aumento do IPI para automóveis que não forem habilitados no programa de incentivos oficial.
 
Nos próximos dias, a montadora alemã BMW deverá anunciar investimentos para fabricação de automóveis no país, informou Pimentel. Vai ser a primeira fábrica da BMW fora do continente europeu", disse. Segundo o ministro, a fábrica será provavelmente instalada na região Sul do país. Em agosto, o governo de Santa Catarina informou que estava próximo de um acordo com a montadora, que estaria apenas à espera da divulgação do novo regime automotivo para anunciar o investimento.
 
Pimentel anunciou que a japonesa Nissan foi a primeira montadora a se habilitar no novo regime automotivo, que, em troca de exigências de conteúdo nacional, investimentos em inovação e redução de consumo, permite abater 30 pontos percentuais do IPI e obter créditos adicionais de imposto. Outras "dez ou 12" empresas deverão pedir habilitação nos próximos dias, segundo o ministro.
 
Desde o anúncio das novas regras, duas montadoras, a Toyota e a Hyundai, anunciaram lançamento de novos modelos, lembrou o ministro. Esses lançamentos são, para Pimentel, um forte sinal de aumento da competição, capaz de baixar os preços dos automóveis no país.
 
Por Sergio Leo e Bruno Peres/ Valor Econômico 

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