Em meio a investimentos estimados em US$ 500 milhões para os próximos três anos, a Volvo está preparando a entrada nos segmentos mais populares do mercado de caminhões para competir num terreno hoje dominado por MAN, dona da marca Volkswagen, Mercedes-Benz e Ford. A investida se dará a partir de uma nova marca, que o grupo planeja introduzir no Brasil para se posicionar nas linhas de caminhões leves e médios.
A Volvo é líder no mercado de caminhões pesados, mas, sem estar nos segmentos de maior giro, ocupa apenas a quarta posição entre as maiores montadoras desse veículo no Brasil. Por isso, o lançamento de uma marca para preencher essa lacuna esteve no foco da visita ao país feita na semana passada pelo presidente do grupo Volvo, Olof Persson.
Ao abordar o assunto durante entrevista a jornalistas, Persson adiantou que a escolha da marca está em seu estágio final, mas evitou dar prazos para a tomada de decisão. As candidatas são as demais marcas que compõem o portfólio do grupo: Renault Trucks, UD Trucks, Mack e Eicher. No momento, a montadora avalia qual delas melhor se adapta ao gosto do consumidor brasileiro.
A nova marca estará posicionada nos segmentos de caminhões leves e médios, deixando para a Volvo os mercados de pesados e semipesados, onde a meta é chegar à liderança nos próximos anos, ultrapassando MAN e Mercedes-Benz.
Persson disse que ainda não está definida a forma como a nova marca será introduzida no Brasil, quando questionado se a ideia é, primeiro, testar o mercado com importações. Porém, adiantou que, ao longo do tempo, o plano é produzir os caminhões no país. Para tanto, os investimentos no país vão subir 82% em relação aos US$ 275 milhões desembolsados nos últimos três anos.
Mesmo com o momento negativo para a indústria de caminhões – marcado por uma queda de 40% da produção neste ano -, Persson disse que a Volvo olha para além dos ciclos econômicos aos quais todas as empresas do setor estão expostas. E avaliou que, no longo prazo, os mercados no Brasil e na América Latina mostram potencial de crescimento.
“Investimos muito no Brasil nos últimos anos, mas para dar o próximo passo, vamos ter que investir ainda mais”, disse o executivo, que fez a primeira visita ao país na condição de CEO da Volvo. O Brasil já foi o maior mercado de caminhões da empresa sueca no mundo, mas, com a derrocada das vendas deste ano, caiu para a segunda posição, atrás dos Estados Unidos.
Além de trazer a segunda marca, que exigirá uma nova rede de distribuição, os investimentos anunciados pelo grupo incluem todo tipo de dispêndio, como projetos de expansão na fábrica de caminhões em Curitiba, desenvolvimento de novos produtos e contratação e qualificação de mão de obra.
Por Eduardo Laguna/ Valor Econômico