As exportações brasileiras para a Argentina despencaram 33% em setembro em comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo a consultoria Abeceb. A queda nas vendas brasileiras provocaram um encolhimento do superávit que o País tinha com o país vizinho.
Por trás da queda estão as barreiras comerciais que o governo da presidente argentina, Cristina Kirchner, aplicou de forma crescente nos últimos anos e que se intensificaram desde fevereiro. As barreiras foram aplicadas para todos os países, incluindo o Brasil, embora as medidas protecionistas argentinas violem o espírito de livre circulação de mercadorias que o Mercosul tem, pelo menos, no papel.
Segundo a Abeceb, o saldo comercial favorável ao mercado brasileiro caiu 80% em setembro. Dessa forma, o Brasil teve um superávit de apenas US$ 157 milhões no mês passado.
As exportações brasileiras para a Argentina em setembro foram de US$ 1,48 bilhão, volume que indica uma retração de 33% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Já a Argentina exportou para o mercado brasileiro US$ 1,323 bilhão, queda de apenas 8,0% anual.
Os setores exportadores brasileiros mais atingidos em setembro pela queda das importações feitas pela Argentina são os de minério de ferro, tratores, bombas e compressores, pneus, polímeros plásticos, automóveis e motores para veículos.
Nove meses. No ano, até setembro, as vendas brasileiras para a Argentina ficaram em US$ 13,47 bilhões, o equivalente a uma queda de 20% em comparação com o mesmo período de 2011. Na contramão, no período de janeiro a setembro, as exportações argentinas para o Brasil foram de US$ 11,6 bilhões, o equivalente a 6,0% menos do que em 2011.
No total acumulado dos primeiros nove meses deste ano, o superávit do Brasil com a Argentina foi de US$ 1,87 bilhão. Isso equivale a 59% menos do que em 2011. Em dezembro, pouco depois de sua posse para o segundo mandato, Cristina Kirchner deu o tom de que sua política protecionista seria aprofundada em 2012. Na ocasião, durante um discurso na Casa Rosada, Cristina exclamou: "Não importaremos nem um prego sequer!".
Por Ariel Palacios/O Estado de S. Paulo