Depois de vencer seu segundo contrato com a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), a ABB está de olho em novas oportunidades do segmento ferroviário. As próximas apostas da empresa são fornecer sistemas e equipamentos de automação e controle elétricos para o monotrilho de Manaus, além da intenção de participar das novas rodadas de modernização da rede de trens paulistas no ano que vem.
Evandro Idalgo, diretor de sistemas de potência da ABB Brasil, relata que o país tem sido um dos mercados com maior crescimento nessa área. Para a ABB, é o segundo que mais cresce entre os emergentes, atrás apenas da Índia. A empresa tem uma atuação menor em trens na China e na Rússia, conta o diretor.
A ABB não revela faturamento por país ou por divisão de negócios em cada mercado. Idalgo explica, no entanto, que a empresa, hoje, pode contar com um retorno mínimo de U$ 50 milhões por ano no Brasil em contratos de infraestrutura ferroviária. "Isso na média, este ano com certeza será mais, cerca de US$ 100 milhões".
Em vistas desse potencial, o executivo afirma que sua divisão estuda propor a fabricação local de um equipamento bastante demandado e, atualmente, 100% importado. Os chamados retificadores, aparelhos que transformam corrente alternada em contínua, são usados em praticamente todos os transportes sobre trilhos urbanos no país. Eles poderiam ser produzidos na fábrica que foi inaugurada pela ABB, no primeiro semestre, em Sorocaba (SP), sugere. "Estamos estudando apresentar o potencial desse setor no Brasil [para o comando da empresa] para passar a fabricar aqui os retificadores".
A fábrica de Sorocaba é direcionada à produção de motores, geradores e outros equipamentos de baixa tensão. Esses motores serão usados, por exemplo, em locomotivas, o que já visa atender ao crescimento da demanda do setor.
O contrato fechado este ano entre ABB (em um consórcio integrado também pela Spavias Engenharia) com a CPTM foi o segundo da empresa com a companhia de trens paulistas. A ABB está entregando, agora em 2012, os serviços de modernização de três linhas do primeiro contrato. De acordo com o diretor, a expectativa é que venham novas licitações na primeira metade de 2013.
Em nota, a CPTM disse que "futuramente haverá novas licitações para a área de energia", sem detalhar quando.
O negócio fechado este ano rendeu US$ 50 milhões (R$ 100 milhões) para a ABB. O valor total do contrato, para serviços nas linhas Diamante e Esmeralda, foi de R$ 164,3 milhões, segundo a CPTM. As licitações dos mesmos serviços para as outras quatro linhas de trens paulistas foram vencidas pelo consórcio da concorrente Siemens, em um valor total de RS$ 223,4 milhões.
Por Ana Fernandes/ Valor Econômico