O crescimento acelerado da importação de máquinas e implementos agrícolas é mais uma prova da falta de competitividade da indústria.
O segmento -excluindo tratores e colheitadeiras- é composto por cerca de 400 empresas de pequeno e médio portes, que vêm perdendo espaço para a concorrência externa, principalmente a norte-americana.
No primeiro semestre, as compras atingiram US$ 381 milhões, alta de 53,8% --a maior entre todos os ramos da indústria de bens de capital. As exportações caíram 3,4%, para US$ 451 milhões.
Mantido o atual ritmo de crescimento das importações, um dos países mais competitivos na agricultura mundial pode se tornar deficitário no setor de máquinas.
Na prática, isso significa que a indústria nacional pode aproveitar pouco do avanço do agronegócio brasileiro.
O otimismo dos produtores, que vivem uma fase favorável aos investimentos devido aos preços elevados dos grãos e ao aumento de área, não chegou à indústria.
Segundo os dados mais recentes da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), as empresas nacionais registraram queda de 7,7% nos pedidos em carteira em junho, ante igual período de 2011.
O nível de utilização da capacidade instalada já responde à falta de interesse do agricultor pelo produto nacional, passando de 84,3%, na média de junho de 2011, para 78,8%, em junho deste ano.
A entidade aponta a elevada carga tributária e a defasagem cambial como estímulos às importações --o produto nacional é cerca de 40% mais caro que o importado.
A valorização de cerca de 10% do dólar no segundo trimestre, porém, não foi suficiente para conter o produto estrangeiro, o que indica que a indústria enfrenta outros problemas, como o aumento dos custos de produção.
Para os fabricantes locais, a solução é impor barreiras. O setor vem defendendo alta da taxa de importação para as máquinas e implementos similares aos produzidos no Brasil para perto de 35%, ante a média atual de 14%.
Comandado por multinacionais, o setor de tratores e colheitadeiras resiste mais. Embora as importações tenham crescido 38% no primeiro semestre, elas ainda representam somente 2,8% das vendas no mercado interno.
Por Tatiana Freitas/ Folha de S. Paulo