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Com menos vendas e produção em marcha lenta, a indústria paulista prevê um segundo semestre pouco animador e não planeja voltar a contratar funcionários ainda neste ano. Pesquisa feita pela Fiesp em julho, com 482 empresários, revela que apenas 39% estão otimistas em relação ao segundo semestre. É a menor pontuação desde 2005, quando a Fiesp iniciou a pesquisa.Os demais 61% disseram ter expectativa pessimista ou indiferente.
A pesquisa compara o que espera o empresariado no segundo semestre em relação ao mesmo período do ano passado -quando a produção industrial já perdia fôlego em decorrência da competição com os importados. Os que preveem queda na produção são 40%, contra 31% que esperam aumento.
A pesquisa desvela um cenário distante da retomada almejada pelo governo. E, segundo a Fiesp, torna decisiva a necessidade de reduzir os custos do setor. A maioria dos entrevistados (86%) afirma que os custos de produção aumentaram mais do que eles faturaram nos últimos cinco anos.
"O resultado da pesquisa é mais uma prova de que estávamos certos quando começamos a falar que o Brasil estava com problemas de competitividade", afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp. Ele cita os preços da energia elétrica, a infraestrutura deficitária e a carga tributária como fatores que retiram a capacidade de competir da indústria brasileira.
A pesquisa confirma que o primeiro semestre foi negativo para o setor: 57% informaram que o período foi pior do que a primeira metade do ano passado, 59% relataram produção menor, e 60%, vendas mais baixas.Com o resultado negativo, a maioria das empresas (76%) demonstra pouca esperança em voltar a contratar no segundo semestre. Essa também é a pior marca verificada pela Fiesp desde 2006.
O empresário Oduvaldo Ferreira, 54, demitiu 10% dos funcionários no último dia 31. "Não pude aguentar os custos fixos e os meus clientes não querem saber de aumentos de preço", disse. Ele tem uma pequena empresa, a Heat Tech, que faz o acabamento térmico de peças para os setores automotivo e de plásticos. Os clientes, portanto, são outras indústrias que, segundo diz, também têm dificuldades. "Tenho clientes que estão pedindo para parcelar faturas de até R$ 500", conta.
Por Mariana Carneiro/Folha de São Paulo
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