Setor de motos demite após venda fraca

Venda de motos nacionais caiu 11% no acumulado deste ano

 

As montadoras de motocicletas no país registraram queda de produção e de vendas no acumulado do ano e já começaram a demitir trabalhadores. Neste ano, segundo o sindicato da categoria no Amazonas, 1.064 funcionários de montadoras desse segmento no Estado foram mandados embora. No mesmo período do ano passado, o número foi de 583 - um aumento de 82%.
 
O motivo para a alta nas demissões é o momento de fraco desempenho das vendas de motos nacionais, que caíram 11% no acumulado deste ano (janeiro a abril) em comparação com o mesmo período de 2011. Dados mais recentes indicam que a queda também é registrada na comparação mês a mês. Em abril, foram vendidas 138,6 mil motocicletas nacionais - recuo de 20% na comparação com o mês anterior. Os números são da entidade que reúne 98% dos fabricantes em solo nacional, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). No total, o setor de duas rodas gera em suas indústrias 20 mil empregos diretos.
 
Para as montadoras, a principal razão para o desempenho nas vendas é o cenário de maior seletividade por parte dos bancos na liberação de crédito, o que afeta, particularmente, as vendas nos segmentos mais populares.
 
"As reduções nos juros não se refletem na aprovação do crédito. Na prática, persistem a maior seletividade e o rigor na liberação dos financiamentos, observados desde o final do ano passado. Com isso, grande parte dos consumidores de motocicletas, que pertence às classes socioeconômicas C e D, acaba impossibilitada de concretizar a compra, o que acarreta em quedas nos negócios e, consequentemente, na produção", resumiu Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, na última divulgação de resultados da associação.
 
O sindicato da categoria enumera outro motivo: a concorrência com importados, principalmente chineses. "O governo promete desde dezembro aumentar impostos para motos estrangeiras, mas até agora nada", diz Valdemir Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas.
 
Atualmente, além das demissões, outras políticas para reduzir o ritmo de produção já estão em curso. Desde 15 de maio, funcionários de diversas montadoras já estão trabalhando apenas quatro dias por semana - regime que vai durar um mês. Após esse período (que termina em 15 de junho), estão programadas férias coletivas em fábricas como as da Honda e da Yamaha - as que mais demitiram (545 e 169 cortes no ano, respectivamente). Essas férias já estavam previstas, mas podem dobrar de 10 dias para 20 dias, segundo o sindicato, caso os estoques não se "normalizem".
 
Procurada pela reportagem, a Honda informou que tem feito paradas pontuais em sua fábrica em Manaus. A produção foi suspensa nos dias 21, 22 e 28 deste mês. Além disso, confirmou que tem férias coletivas de 10 dias para julho - como já previsto. Procurada, a Yamaha enviou comunicado dizendo que "adequou o quadro de funcionários de sua fábrica em Manaus como última alternativa de ajuste ao ritmo de produção", devido à queda nas vendas em razão da restrição de crédito. "Já está programada a concessão de férias coletivas, de 10 dias, a partir de 02 de julho, dependendo da avaliação dos estoques", diz o texto.
 

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