No mesmo dia em que comemorou a marca de 7 milhões de motores produzidos em São Carlos (SP) desde 1996, a Volkswagen inaugurou nesta sexta-feira, 18, uma nova área de usinagem em sua fábrica no interior paulista, que eleva em 15% a capacidade de produção da planta, de 3,3 mil para 3,8 mil por dia. O investimento foi de R$ 90 milhões e é uma pequena parte do programa de R$ 8,7 bilhões que a empresa investe na operação brasileira de 2010 a 2016.
Mas a expansão de São Carlos é muito maior: desde o início deste ano, uma nova fábrica já está em construção dentro do mesmo terreno, quase tão grande quanto a atual. A Volkswagen ainda não confirma, mas a próxima linha pode começar a operar a partir de 2013 para produzir uma nova família de motores, provavelmente como bloco de alumínio. Estes irão equipar alguns dos novos carros da marca no Brasil, como o compacto Up!, que, especula-se, será feito em Taubaté (SP).
Por enquanto, a diretoria da Volkswagen apenas confirma que as novas edificações servem para expansão de capacidade e, assim mesmo, o investimento não teria data para ser concluído, pois dependerá do ritmo do mercado. “Essa é uma preparação para o futuro, mas os altos e baixos dos negócios ainda não nos permitem dizer quando [as edificações] ficam prontas”, diz Antonio Megale, diretor de assuntos governamentais da Volkswagen do Brasil. “O mercado dá sinal de enfraquecimento neste momento, mas acreditamos que vai voltar, aí estaremos prontos para crescer”, completa.
“Com a variação do mercado, precisamos agora reavaliar a capacidade que precisamos para definir o tamanho do investimento na nova fábrica de motores”, explica Andreas Hemman, diretor da unidade de São Carlos.
Estratégia
São Carlos tem importância estratégica crescente para o plano de expansão da Volkswagen no Brasil, pois continuará a ser o único polo fornecedor de motores que alimenta todas as três fábricas de automóveis no País (São Bernardo do Campo, Taubaté e São José dos Pinhais) e também uma na Argentina (Pacheco).
A unidade no interior paulista já é a terceira maior planta de motores do grupo no mundo – atrás apenas de Salzgitter, na Alemanha, e Györ (Audi), na Hungria – e pode subir alguns degraus com a nova linha que está em construção. “Precisamos que a fábrica seja cada vez mais competitiva, por isso estamos fazendo os investimentos aqui”, diz Megale.
Hoje, São Carlos fabrica os motores EA 111, com três capacidades volumétricas: 1.0, 1.4 e 1.6, que equipam a maioria dos carros da marca. Os propulsores usam bloco de ferro fundido fornecido por Tupy, Teksid e WHB; os cabeçotes de alumínio vêm também da WHB. A produtividade em São Carlos vem crescendo ano a ano. Em 2011 foi atingido o recorde de 879.708 motores produzidos, número 3% maior do que em 2010. Deste total, 212.686, quase um quarto da produção, foram exportados. O ritmo atual é de 70 mil unidades por mês, com 800 empregados e 400 prestadores de serviços – número que deverá crescer quando a próxima unidade for inaugurada. Para este ano, no entanto, Hemman prefere não arriscar um número de produção: “É difícil prever com a oscilação atual do mercado.”
A modernização da usinagem proporcionou os ganhos atuais de produtividade. A linha usa quantidade mínima de óleo lubrificante para usinar os blocos de ferro fundido e a alimentação de peças é feita por meio de uma mesa de transporte. A fábrica é bastante automatizada, com 11 robôs e 77 estações automáticas.