Os estoques de veículos nas fábricas e nas concessionárias chegaram ao maior nível em mais de três anos, refletindo a queda de 3,4% nas vendas nos quatro primeiros meses de 2012. De acordo com a Anfavea (a entidade que reúne as montadoras instaladas no país), os estoques nos pátios equivaliam a 43 dias de vendas em abril, o maior nível desde novembro de 2008, auge da crise financeira.
O presidente da entidade, Cledorvino Belini, reconheceu que a situação é preocupante, mas evitou falar em novas paradas de produção ou em corte de vagas. Segundo ele, os esforços para normalização dos estoques terão de se concentrar em ações para aquecer as vendas.
Números divulgados ontem pela indústria automobilística mostram que a situação dos estoques de veículos nas fábricas e nas concessionárias chegou ao patamar mais crítico em mais de três anos, refletindo a queda de 3,4% das vendas nos quatro primeiros meses de 2012.
De acordo com a Anfavea - a entidade que abriga as montadoras instaladas no país -, o giro dos veículos parados nos pátios subiu para 43 dias em abril, marcando o maior nível desde novembro de 2008 - auge da crise financeira e quando os estoques equivaliam a 56 dias de venda.
Durante a apresentação dos resultados do setor em abril, o presidente da entidade, Cledorvino Belini, reconheceu que a situação é preocupante, mas evitou falar em novas paradas ou em corte de empregos, que vêm mostrando estabilidade neste ano.
Segundo ele, os esforços para normalização dos estoques terão de se centrar agora em ações para acelerar as vendas. Em abril, o volume de emplacamentos recuou 10,8% na comparação com o mesmo período de 2011, totalizando 257,88 mil veículos.
Desde o segundo semestre do ano passado, quando os estoques chegaram a bater na casa dos 40 dias, as montadoras tentam adequar a atividade com a concessão de férias coletivas e folgas a funcionários, além da suspensão de jornadas extras de trabalho. Essas medidas estão por trás da queda de 10,1% da produção nos quatro primeiros meses de 2012, para um total de 998,93 mil veículos - entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.
O problema é que o mercado também está em baixa, provocando o acumulo de carros parados (veja gráfico acima). O desempenho negativo é atribuído às restrições na liberação de crédito após o aumento da inadimplência nos financiamentos de carros, que, em um ano, saiu de 3% para 5,7%.
Citando esse motivo, a Fenabrave - entidade que representa as concessionárias de veículos - revisou sua expectativa de crescimento nas vendas de carros de passeio e veículos utilitários leves neste ano de 4,5% para 3,5%. A entidade também reduziu - de 9,6% para 2,6% - sua estimativa de aumento no mercado de caminhões, que - em meio a um momento de transição de tecnologia de motor - mostrou contração de 8,1% no primeiro quadrimestre.
Mesmo com o anúncio de corte nas taxas de juros, o consumidor ainda encontra maior dificuldade para obter crédito. As condições passaram a envolver prazos mais curtos e maior exigência no pagamento de entrada.
Para especialistas, o aumento do consumo nos anos de 2009 e 2010 - sustentado por financiamentos de até seis anos - afeta agora a disponibilidade de renda das famílias, um fator também considerado na análise de crédito.
Conforme a Anfavea, as concessões de crédito para veículos - que chegaram a superar R$ 11 bilhões em 2010 e ficaram na faixa de R$ 8,2 bilhões a R$ 9,4 bilhões no último trimestre do ano passado - caíram para R$ 7,8 bilhões em março de 2012, após marcar R$ 6,9 bilhões em fevereiro e R$ 7,8 bilhões em janeiro. "O problema não são os juros. O que existe é uma maior seletividade de crédito", afirmou Belini.
O levantamento mostrou também que as exportações das montadoras, em volume, recuaram 4,9% de janeiro a abril, chegando a 160,45 mil unidades. Ainda na comparação anual, as importações de veículos no país subiram 5,1% nos quatro meses, para 258,38 mil veículos.
Por Eduardo Laguna / Valor Econômico