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Anunciadas as mudanças no regime automotivo brasileiro, as montadoras se movimentam para se adequar às novas regras e atingir o patamar de nacionalização suficiente para zerar o aumento de 30 pontos percentuais no IPI, principalmente as que estão ingressando no mercado.
A chinesa Chery, que está com a primeira fábrica em obras em Jacareí (SP), com investimentos de US$ 400 milhões, iniciou conversas com o Sindicato Nacional da Indústria de Autopeças (Sindipeças), para programar uma feira de fornecedores nacionais de peças para a montadora.
Segundo o CEO da Chery no Brasil, Luis Curi, o chamado "Chery Day" deve acontecer ainda no primeiro semestre. Além disso, para cumprir com outro requisito, a empresa planeja inaugurar um centro de pesquisa e desenvolvimento até o início do ano que vem - uma das exigências do governo para participar do programa é que a montadora invista 0,15% do faturamento em P&D e 0,5% em engenharia, tecnologia industrial e desenvolvimento de fornecedores.
A JAC Motors, que pretende iniciar as obras da fábrica em Camaçari (BA) ainda no fim deste ano, em um aporte de R$ 900 milhões, projeta um centro de engenharia e uma pista de provas dentro do próprio complexo fabril. No dia 14 de maio, a montadora, também chinesa, participará de um encontro que reunirá cerca de 30 fornecedores, informou o presidente da companhia no Brasil, Sérgio Habib.
As mudanças no regime automotivo aceleraram os projetos das empresas, que precisam produzir o mais rapidamente dentro das novas regras para evitar o impacto do IPI sobre as importações. "Aqui tudo é mais caro, se você quer vender carro no Brasil, você tem que produzir carro no Brasil", disse Habib.
Além de iniciar contatos com fabricantes nacionais de autopeças, as duas montadoras trabalham para trazer empresas chinesas que tenham interesse em investir no Brasil. Tanto a Chery como a JAC Motors explicam não ser uma questão de falta de oferta, mas de estratégia comercial. A visão é compartilhada pelo presidente do Sindipeças, Paulo Butori, que garante que o parque industrial brasileiro do setor tem condições de atender integralmente ao aumento da demanda, tanto das montadoras já instaladas como daquelas que estão chegando ao país.
Em um evento automotivo realizado em São Paulo ontem, Butori disse que a indústria de autopeças tem de 35% a 40% de sua capacidade ociosa, devido à entrada de produtos importados no mercado. Entre os segmentos com maior ociosidade, Butori citou a metalurgia, os não ferrosos e usinagem.
Butori lamentou, no entanto, que os resultados positivos do programa anunciado pelo governo só possam ser sentidos pela a partir de 2013. "Aqueles que sobreviverem até o ano que vem terão um 2013 um pouco melhor", disse. Butori acredita que, neste ano, o déficit comercial do setor ainda vai crescer e chegar à marca de US$ 5,6 bilhões, frente aos US$ 4,5 bilhões de 2011.
Fonte: Valor Econômico / Ana Fernandes
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