Indústrias de máquinas agrícolas apostam no crescimento da Colômbia

O crescimento do agronegócio colombiano nos últimos anos vem impulsionando as vendas de máquinas agrícolas no país, inclusive de grupos brasileiros ou com importantes bases de operação no Brasil, como a AGCO.

Tradicionalmente, a América do Sul já é um importante mercado para as indústrias que atuam no Brasil, mas a reestruturação do setor agropecuário na Colômbia representa uma nova fronteira para as montadoras.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa as principais indústrias de máquinas agrícolas, contabiliza a venda de 399 unidades de máquinas para a Colômbia em 2010, entre colheitadeiras, tratores e retroescavadeiras. Os dados do ano passado ainda não estão fechados. A receita também não é informada, mas a entidade estima que os embarques em 2010 podem ter totalizado entre US$ 30 milhões e US$ 40 milhões, a partir de um cálculo que considera uma média de US$ 100 mil por máquina comercializada.

As exportações para a Colômbia ainda representam números pouco significativos em relação aos embarques do Brasil para todos os mercados. Segundo a Anfavea, as vendas externas somaram US$ 3,18 bilhões em 2011 e US$ 2,31 bilhões em 2010. Em volume, foram exportadas 18.373 máquinas no ano passado e 19.176 unidades em 2010.

A AGCO, fabricante mundial e distribuidora de equipamentos agrícolas, reportou em seu comunicado de resultados do 4º trimestre de 2011, em fevereiro, que a queda nas vendas no varejo de tratores frente aos níveis recordes de 2010, no Brasil e na Argentina - os dois principais mercados da América do Sul -, foi compensada por forte expansão em outros mercados sul-americanos.

Duílio Weissheimer De La Corte, diretor de exportação da AGCO América do Sul, disse que o envio de máquinas para a Colômbia cresceu a uma média anual de 20% nos últimos três anos, considerando as principais plataformas de embarque para o país: Brasil, Índia e França. E cerca de 90% das vendas para a Colômbia saem da plataforma brasileira. Em 2011, foram embarcadas para o país aproximadamente 350 unidades, principalmente de tratores. Mas começam a ser comercializados também implementos e colheitadeiras.

Segundo o executivo, a AGCO trabalha com duas redes independentes que distribuem no país duas marcas da companhia - Massey Ferguson e Valtra. "Existe potencial na área agrícola do país, muitas áreas que estão sendo revigoradas. Há deficiências de logística que ainda precisam ser resolvidas. Apesar das carências, os agricultores estão muito interessados em se desenvolver", afirma. Os principais produtos do país são café, milho e arroz, além da pecuária.

De La Corte explica que o mercado da Colômbia não é tão pequeno e movimenta em torno de 1,2 mil tratores por ano, uma demanda de todas as empresas e não só da AGCO. Para ele, não só a Colômbia, mas muitos países da América do Sul, como o Paraguai, Equador e Peru têm apresentado aumento na produção agrícola e, consequentemente, demanda para a aquisição de máquinas.

A AGCO mundial tem 45% do mercado de tratores e 16% do mercado de colheitadeiras na América do Sul, que também é destino de 50% das unidades que são exportadas pelo Brasil.

"Estamos tentando manter os volumes de exportação de 2011, mas a questão cambial nos afeta fortemente. Precisamos de alternativas para fazer frente à concorrência", diz De La Corte.

A indústria de pulverizadores Jacto, uma empresa de capital fechado com forte atuação no mercado de pulverização na América Latina, também acredita e aposta no crescimento do agronegócio na Colômbia.

As vendas para o país devem crescer, com a reestruturação da agropecuária do país. "Antes não havia condições de segurança no país, mas agora o agricultor está voltando às compras", diz Robson Zosoli, diretor-comercial. Segundo ele, o governo colombiano busca novos investidores e parcerias tecnológicas com a estatal Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Atualmente, as exportações totais da empresa representam 30% da produção. E esse nível de exportação vem sendo mantido nos últimos anos. A América Latina é o principal mercado, com 60% das vendas externas.

Sem informar números sobre a comercialização para a Colômbia, Zosoli disse que esse movimento se intensificou nos últimos dois anos. "Hoje o fluxo é muito bom. Os colombianos buscam equipamentos de alta tecnologia. E existem muitos grupos brasileiros investindo na soja, na palma (para a produção de óleo). Há uma tendência de crescimento muito grande". A expectativa da Jacto para 2012 é manter a liderança no mercado latino-americano e até crescer.


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