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As autopeças e os fabricantes de máquinas de Joinville (SC) estão animados com a possibilidade tornarem-se fornecedores das duas unidades da General Motors que estão previstas para entrar em funcionamento nos próximos três anos na região. Na manhã de ontem, os potenciais fornecedores tentavam se aproximar dos dirigentes da montadora e lotaram o Teatro Pedro Ivo, em Florianópolis, onde foi feito o anúncio de um novo investimento no Estado.
A montadora anunciou a instalação de mais uma fábrica em Joinville, dessa vez voltada à fabricação de transmissões e que será construída no mesmo complexo onde ergue a fábrica de motores. No total, até 2014, os investimentos da GM na região chegarão a R$ 1 bilhão, considerando R$ 710 milhões anunciados ontem e R$ 350 milhões que vêm sendo direcionados nos últimos anos para a unidade de motores, prevista para entrar em operação no fim do ano.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais, Christian Dihlmann, espera que alguns fornecedores da região, que hoje fabricam para os sistemistas da GM em outros estados, possam a partir deste ano, quando entrar em operação a unidade de produção de motores, fabricar diretamente para a montadora. Segundo ele, das 420 empresas deste ramo, cerca de 50 teriam condições de fornecer peças fundidas para a GM. Contratos com as fabricantes da região, segundo ele, ainda não foram fechados, mas foi feito um cadastramento e uma homologação dos possíveis fornecedores para a fábrica de motores. "Agora, queremos fazer encontros com a GM para conversar sobre o fornecimento para as transmissões."
No segundo semestre do ano passado, algumas empresas tiveram reunião com a GM na Associação Comercial e Industrial de Joinville (Acij). Para o presidente da Acij, Udo Döhler, a GM tem surpreendido porque tem mostrado interesse pelo fornecedor e pela mão de obra local. Ele entende que "a GM não veio de forma predatória".
A Acij tem 1,4 mil associados e ele acredita que, neste primeiro momento, contudo, somente 80 estariam mais aptos a serem fornecedores da GM (desde prestadores de serviços de faxina, construção e autopeças) porque atenderiam a requisitos de qualidade internacional exigido pela montadora.
A GM não detalhou quais fornecedores locais está contratando e nem de quais ramos industriais ou de serviços pertencem, mas o vice-presidente da empresa, Marcos Munhoz, afirmou que, de cerca de R$ 300 milhões já investidos na fábrica de motores, R$ 120 milhões estariam relacionados com fornecedores de diversos ramos da região.
Apesar das facilidades logísticas de importação de peças por meio dos cinco portos catarinenses, a expectativa do diretor regional do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e diretor industrial da Schulz, Bruno Ferrari Salmeron, é de que a GM contrate alguns fornecedores de autopeças de pequeno e médio porte na região. A oferta inicial, contudo, deverá ser de componentes ainda com baixa tecnologia, como varetas de medição de óleo, pequenas peças em borracha e alumínio, como suportes de bombas e mancais. Mas ele acredita que, gradativamente, poderão fornecer elementos de maior complexidade. Além disso, Ferrari afirma que algumas empresas de maior porte na região, como a Schulz, por exemplo, poderão voltar seus olhos para o fornecimento ao setor de automóveis. Hoje, a Schulz produz somente peças para caminhões e ônibus.
Com a nova unidade, a GM deixa de importar transmissões da Europa Oriental, fabricando esse componente no Brasil para ser usado em veículos produzidos no país. Além disso, passará a exportar metade das transmissões para a Alemanha. Segundo Luiz Moan, diretor de assuntos institucionais da GM, essa fábrica já faz parte do novo fluxo de investimentos, que ainda será anunciado pela empresa no Brasil para o período 2012-2017. Um dos motivos do investimento na nova fábrica está o fato de o país estar trabalhando com novo regime automotivo que tenta induzir um maior conteúdo nacional na produção em substituição a componentes importados.
A produção de transmissões começa em 2014, com volume anual de 150 mil unidades. A previsão de faturamento inicial da fábrica é de R$ 200 milhões por ano, com geração de 350 empregos diretos.
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