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O investimento realizado pelas empresas e pelo setor público em máquinas e equipamentos já se aproxima de 11% do Produto Interno Bruto (PIB), uma das maiores taxas do mundo. Estudo realizado pelo Ministério da Fazenda, e obtido pelo Valor, aponta que a taxa de investimento em máquinas e equipamentos no Brasil é a terceira maior em um grupo de 12 países, liderado por China, com investimentos de 14,9% do PIB, e Índia (13%). "Nosso investimento em máquinas e equipamentos é superior à soma do que França e Reino Unido investem em máquinas", disse o ministro Guido Mantega a interlocutores da Fazenda ao definir uma apresentação sobre o tema para empresários.
Para chegar na taxa total de investimento em máquinas e equipamentos no país, que contabiliza a produção nacional e a importação, os técnicos do Ministério da Fazenda partiram dos dados desagregados da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), calculada trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado da FBCF leva em conta os investimentos privados em máquinas e equipamentos, bem como as importações, também as obras de construção civil e infraestrutura pública.
Os economistas da Fazenda usaram os dados abertos da FBCF, utilizando apenas o investimento em bens de capital, como proporção do Produto Interno Bruto (PIB). Enquanto o "dado cheio" do FBCF indica uma taxa próxima a 20% do PIB, a taxa estimada pela Fazenda apenas para o investimento em bens de capital ronda 11% do PIB.
No documento que o ministro Guido Mantega carrega em sua pasta para apresentar em seminários e palestras com empresários a partir de março, os técnicos do Ministério da Fazenda apresentam uma comparação da taxa de investimento em máquinas no Brasil com outros 11 países em períodos distintos - em 2008, auge pré-crise mundial, 2010 e 2011.
As maiores taxas são observadas na China e na Índia, também responsáveis pelos maiores saltos do PIB nos dois períodos. Enquanto os chineses aumentaram seus investimentos em máquinas e equipamentos de 12,9% do PIB para 14,9% do PIB, os indianos reduziram sua taxa de 15,1% do PIB para 13% do PIB no período.
O Brasil é terceiro colocado nas duas fases, com uma taxa de investimento em bens de capital que variou pouco - 10,8% do PIB em 2008 e 10,7% em 2010. A grande mudança entre os dois períodos, segundo economistas da área econômica do governo, ocorre na composição da taxa: enquanto em 2008 ela era formada principalmente pela produção doméstica de bens de capital, a partir de 2010 ela é crescentemente composta por máquinas e equipamentos importados. "A importação de bens de capital não é ruim e deve ser incentivada, porque não só amplia nossa capacidade produtiva, como traz novas tecnologias ao parque industrial nacional, que pode incorporá-las e depois internalizar", afirma um economista do governo.
A taxa de investimento em máquinas no Brasil é superior a de países desenvolvidos com forte parque industrial, como os Estados Unidos (8,3% do PIB) e Alemanha (6,9% do PIB). O resultado é superior também ao de países emergentes com características semelhantes às brasileiras, como chilenos (8,2% do PIB) e russos (7,8% do PIB), intensivos em commodities - cobre e gás e petróleo, respectivamente. "Temos um parque industrial mais diversificado, e mesmo uma produção mais variada de commodities", pondera um técnico do governo, "mas a comparação é justa pelo grau de desenvolvimento atingindo pelos emergentes no período recente", afirma.
No texto que acompanha a apresentação, Mantega destaca que a taxa é "particularmente importante para revelar a modernização e competitividade de uma economia", embora, como admite o ministro, o desempenho brasileiro esteja "ainda em níveis inferiores aos de algumas economias emergentes".
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