WEG vai aproveitar crise para crescer na Europa

A crise na Europa é uma ótima oportunidade para aquisições pela WEG. "Europa é berço da tecnologia", ressaltou o diretor de relações com investidores da empresa, Laurence Beltrão Gomes, destacando que o movimento de aquisições por parte da companhia é favorecido também pela depreciação das moedas dos países desenvolvidos em relação ao real.

Segundo ele, a guerra cambial é uma realidade e a empresa precisa aproveitar a oportunidade que provém do real valorizado neste momento. "Para as exportações, essa situação diminui a competitividade, mas sob o ponto de vista de aquisição, este processo é benéfico", disse.

A WEG tem como estratégia para 2012 realizar aquisições e parcerias, dando continuidade a um movimento iniciado em 2010 e aprofundado, especialmente, no último trimestre de 2011. Gomes não revela quantas aquisições serão feitas em 2012, nem o volume de recursos que estão em questão para isso.

"Uma empresa com a aspiração da WEG precisa continuar com esse movimento. Há muitas oportunidades, sempre estamos analisando como capturá-las e terminamos 2011 com uma maior visibilidade dos passos futuros", diz ele, referindo-se ao planejamento estratégico de longo prazo que prevê receita líquida operacional de R$ 20 bilhões em 2020, quatro vezes mais do que a receita de 2011.

Em 2011, a empresa formalizou joint venture com o grupo espanhol M. Torres Olvega Industrial (MTOI) para a fabricação, montagem, instalação e comercialização de aerogeradores e fornecimento de serviços de operação e manutenção dessas peças no Brasil. Além disso, a companhia adquiriu a Watt Drive, na Áustria, voltada à área de redutores, motorredutores, inversores de frequência e sistemas de acionamento. A WEG ainda formalizou uma joint venture com a Cestari no Brasil, para desenvolvimento, fabricação e comercialização de redutores e motorredutores; e adquiriu uma unidade da GE Energy nos Estados Unidos.

Segundo Gomes, as aquisições da companhia seguem duas diretrizes básicas: compra de tecnologia (novas tecnologias e/ou produtos sinérgicos) e compra de market share (participação). Ele explica que a WEG "não está atrás de capacidade produtiva", mas as compras que representem ganho de mercado e de tecnologia.

Segundo ele, cada país é uma realidade a ser analisada. Em alguns, se encontra mais tecnologia, em outros, o ganho vem de market share. "A Europa tem mais tecnologia, mas às vezes você pode encontrar tecnologia e mercado, como ocorreu com a compra nos Estados Unidos", disse.

Atualmente, a WEG tem nove unidades no exterior: Portugal, México, Estados Unidos, China, Índia, Áustria e três unidades na Argentina. No Brasil, concentra a produção em Santa Catarina, em São Paulo e no Espírito Santo.

Investimentos no Brasil
A companhia planeja investir R$ 293,7 milhões em 2012 em modernização e expansão da capacidade produtiva (ativos imobilizados), um crescimento de 56,3% em relação aos investimentos em ativos fixos realizados em 2011, que somaram R$ 187,9 milhões. Esses investimentos, previstos para 2012, não contemplam possíveis novas aquisições.

Assim como em 2011, a empresa deverá concentrar o investimento em imobilizado, prioritariamente, nas unidades no Brasil, em especial,  na verticalização da unidade de motores elétricos de Linhares, no Espírito Santo, seu mais recente parque fabril.

Segundo Gomes, aos poucos, a empresa pretende fazer em Linhares algo similar ao parque produtivo de Jaraguá do Sul (SC), onde está sua matriz. Isto é, trará para dentro da unidade etapas da produção industrial como: estamparia, fabricação de fios e fundição. Nem todas essas etapas já serão internalizadas agora, sendo esse processo, segundo ele, “gradativo”.

Alem disso, os investimentos serão direcionados à modernização para aumento de produtividade nas demais unidades da empresa no país.

Em 2011, 90% dos investimentos foram destinados aos parques industriais no Brasil e 10% foram para as unidades produtivas e demais subsidiárias no exterior. Gomes não revelou o a repartição do investimento entre Brasil e exterior para o ano de 2012, apenas reforçou que as unidades nacionais serão prioritárias.

Segundo informações da empresa, além dos investimentos em imobilizado, em 2012 haverá R$ 328,4 milhões de investimentos em capital de giro. Somando imobilizado e capital de giro, a empresa prevê 622,1 milhões em investimentos totais.

Resultados
A WEG fechou o ano de 2011 com um lucro líquido de R$ 586,9 milhões, um crescimento de 13% sobre os R$ 519,8 milhões de 2010. O retorno sobre o patrimônio líquido foi de 17% em 2011 ante 15,8% em 2010 e a margem líquida foi de 11,3% contra 11,8% em 2010.

Em todo o ano de 2011, a receita operacional líquida consolidada atingiu R$ 5,12 bilhões, um crescimento de 18,2% em relação ao ano anterior.

No quarto trimestre, a fabricante de motores elétricos sediada em Jaraguá do Sul teve crescimento de 10,4% no lucro líquido, que atingiu R$ 156,2 milhões. A receita operacional líquida no quarto trimestre de 2011 foi de R$ 1,5 bilhão, representando um incremento de 17% sobre o quatro trimestre de 2010.

O resultado foi considerado “satisfatório” pelo executivo diante do cenário externo de economias que estavam “cambaleantes”  e diante de um mercado cada vez mais competitivo dentro do país.


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