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Após um ano nada animador para a indústria brasileira em 2011, por conta da desaceleração econômica com as incertezas acerca da crise da dívida da Zona do Euro, além da grande competição com produtos importados após a valorização do real, as perspectivas para 2012 são melhores em relação ao ano passado. O cenário, entretanto, ainda requer cautela e depende bastante da atuação do governo para garantir condições mais favoráveis ao setor.
“A economia global passa por um momento de instabilidade, no qual não apenas os problemas do velho continente, mas também a possível redução no ritmo do crescimento da China, um dos principais destinos das exportações brasileiras, tem afetado as perspectivas para a indústria de forma geral”, diz Filipe Portela, diretor da Monte Bravo Investimentos.
Apesar dos esforços para garantir condições para o desenvolvimento da indústria brasileira, o analista Victor Penna, do BB Investimentos, é cauteloso ao avaliar suas perspectivas para o setor. “Tudo vai depender de como será o crescimento econômico do Brasil como um todo; isto ditará o grau de evolução da indústria também. Sem estímulos, a economia cresce menos, mas eles também não são garantia de um ‘mar de rosas’, pois o desempenho de muitas delas está relacionado a fatores externos”, afirma Penna.
Máquinas e autopeças
Penna acredita em um horizonte desafiador para 2012. “Enquanto a indústria local continuar com obstáculos, como altas cargas tributárias e a forte concorrência externa, é difícil projetar qual será seu comportamento real neste ano, já que não há perspectiva de mudança abrupta no cenário. Nesse ambiente, os setores de bens de capital, automotivo e de siderurgia devem sofrer mais”, diz o analista.
O segmento do setor de autopeças deve ter um desempenho diferente de 2011, segundo Renato Pinto, analista da corretora do Banco Fator, com um crescimento mais fraco no primeiro semestre de 2012, mas com recuperação de vendas no segundo semestre, dependendo da adoção das regras do Euro 5 – com limitações para emissão de poluentes.
“Em caso positivo, as vendas de veículos pesados deverão arrefecer. Para veículos leves, a nossa expectativa de crescimento é de 4%, em função do ganho de market share de veículos nacionais com o aumento do IPI de veículos importados e da apreciação do dólar. Para veículos pesados, a nossa estimativa de crescimento é de apenas 1%”, constata Pinto.
Enquanto isso, o segmento de máquinas para a indústria também deve sofrer bastante com a competição, afirma Pedro Galdi, analista da SLW Corretora. “Estamos vendo alguns segmentos da economia relacionados à desindustrialização, além do aumento da competição com a maior importação por conta da apreciação do real, apesar com consumo local continuar forte. A concorrência externa é o grande desafio para o segmento neste ano”.
Buscando alternativas
O bom momento econômico vivido pelo Brasil, entretanto, favorece as empresas voltadas para o mercado interno e também é tido como uma opção para algumas companhias dependentes do mercado externo, que podem iniciar ou intensificar a participação local em seus negócios, diminuindo o peso da queda da demanda internacional, na opinião do analista da Geral Investimentos, Ivanor Torres.
Penna também acredita que países com grande potencial de crescimento e que ainda demandam um processo de urbanização, como a África e a própria América Latina, podem ser uma alternativa em meio à difícil situação de boa parte das economias desenvolvidas, com as empresas brasileiras aumentando sua atuação nesses mercados.
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